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"Estado Islâmico" fortalece suas posições com tomada de aeroporto na Síria

Sabrina Pabst (as)25 de agosto de 2014

Conquista da base militar é vitória estratégica e de grande valor simbólico sobre o regime de Assad, abrindo caminho para avanço sobre grandes cidades sírias. Armas e munições também caíram nas mãos dos radicais.

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Foto: Reuters

O Exército da Síria lutou com todas as forças – sem ser bem-sucedido. Ao final, o grupo radical "Estado Islâmico" (EI) assumiu o comando do estratégico aeroporto militar de Tabqa, no leste da Síria, ampliando seu poder no país. Com a conquista, aquele que era o último bastião das tropas do presidente Bashar al-Assad na província de Raqqa caiu nas mãos dos terroristas.

A conquista do aeroporto eleva também a ameaça de um avanço do EI sobre as grandes cidades da Síria, sobretudo Hama, Homs e Aleppo, opina a deputada alemã Sevim Dagdelen, do partido A Esquerda e integrante da comissão de relações internacionais do Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão).

Com isso, estão em risco as vidas de milhões de pessoas que não professam o islamismo radical dos jihadistas, incluindo alauítas, cristãos, curdos, xiitas, yazidis e drusos, além de ateus. "Milhões de pessoas estão agora ameaçadas", afirma a deputada.

Para o especialista em mundo árabe Günter Meyer, da Universidade de Mainz, a conquista do aeroporto de Tabqa é uma grande derrota para o regime de Assad, tanto estratégica como também de valor simbólico.

Ele lembra que, nas semanas anteriores, duas bases militares nas proximidades de Raqqa, capital da província, já haviam sido tomadas por combatentes do Estado Islâmico. "Agora toda a província está sob controle do EI. Com isso, foi eliminada uma importante barreira para conter o avanço dos extremistas islâmicos sobre Aleppo", afirma.

A perda da cidade, a segunda maior do país, seria uma derrota devastadora para o governo sírio, pois permitiria aos jihadistas ampliar seu domínio no norte e no leste da Síria, depois de já terem ocupado cerca de um terço da região. O "Estado Islâmico" também controla grandes áreas no norte e no oeste do Iraque, país vizinho da Síria.

Armas nas mãos dos radicais

O aeroporto militar era um importante ponto de origem de ataques do Exército de Assad contra os jihadistas. O local também abrigaria aviões e helicópteros militares, tanques, armas e munição.O governo sírio teria retirado os aviões e helicópteros do local antes da chegada dos rebeldes, mas os tanques, as armas e a munição teriam caído nas mãos deles.

Meyer lembra que os jihadistas têm sabido fazer uso desses equipamentos: "Isso ficou claro na tomada de outras bases militares na Síria e sobretudo no Iraque."

Islamischer Staat Propaganda
Combatentes do "Estado Islâmico"Foto: picture alliance/abaca

A agência de notícias estatal Sana noticiou que o Exército sírio conseguiu se reagrupar depois de ter deixado o aeroporto. Meyer afirma que as Forças Armadas sírias têm de fato uma grande capacidade de recuperação, mesmo diante de duras derrotas. O arsenal delas é frequentemente recomposto com ajuda da Rússia e do Irã, assegura.

Mas, para ele, neste momento o foco de ação das tropas do governo não seria a retomada do aeroporto e de regiões no leste do país. E isso apesar de a força aérea estar atacando posições do Estado Islâmico na região.

"Nos seus ataques, o governo se concentra, com as suas tropas e com apoio do Hisbolá, sobretudo na recuperação e na consolidação de posições na região oeste, principalmente nas grandes cidades e arredores destas", afirma o especialista.

Em vez das tropas governistas, milícias da oposição síria e combatentes curdos é que estão expulsando as tropas do EI de alguns vilarejos no norte.

Parceria com Assad?

Para Meyer, uma mudança drástica na situação seria possível se uma coalizão de forças internacionais aceitasse a oferta síria de uma luta conjunta contra o "Estado Islâmico". Nos últimos dias, o governo sírio reiterou que está disposto a cooperar com países ocidentais, como os Estados Unidos e o Reino Unido, na luta contra os jihadistas.

Dagdelen vai além e defende o fim das sanções ao regime de Assad, com o objetivo de atacar em conjunto as tropas do EI. "No fim das contas, as sanções à Síria apenas fortalecem o 'Estado Islâmico'. Essa devastadora política de apoio às trocas de regimes no Oriente Médio não deve ser continuada, e a cooperação militar com patrocinadores do EI, como o Catar, a Arábia Saudita e o regime de Erdogan, na Turquia, deve ser encerrada", defende a deputada.

Esses dois países do Golfo Pérsico vêm sendo criticados por supostamente apoiarem financeiramente o "Estado Islâmico". Ambos negam a acusação.