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Prêmio Alemão do Livro

13 de outubro de 2009

Entre os escritores que concorriam ao prêmio estava a Nobel de Literatura de 2009, Herta Müller. Escolha do livro "Du stirbst nicht", de Kathrin Schmidt, é considerada uma surpresa.

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Schmidt e a obra premiadaFoto: AP

Por seu romance Du stirbst nicht (Você não morre), a escritora Kathrin Schmidt recebeu o Prêmio Alemão do Livro de 2009. O romance da escritora berlinense de 51 anos foi considerado o melhor lançamento literário do ano. O prêmio foi entregue nesta segunda-feira (12/10) em Frankfurt.

A escolha de Schmidt foi uma surpresa, já que, entre os cinco outros romances que concorriam ao prêmio concedido pela Associação Alemã do Comércio Livreiro estava Atemschaukel, da Nobel de Literatura de 2009, Herta Müller, antes considerado o favorito.

Retorno à vida

Em seu romance de cunho autobiográfico, Schmidt conta a história de uma mulher que acorda de um coma num hospital após ter sofrido um derrame cerebral. Além de perder a fala, ela não consegue movimentar o corpo, que não mais lhe obedece. O lento e duro retorno à vida é o tema da obra.

Sobre o livro, a jornalista literária Iris Radisch, uma das juradas do prêmio, afirmou que nele "vivencia-se um nascimento. Lê-se como um ser humano se forma, como uma identidade se forma."

Nesse processo, o reaprendizado da língua é fundamental para a heroína, que é escritora de profissão. De forma emocionante e lacônica, Schmidt conta, com humor negro, como é reconquistar o mundo palavra por palavra, frase por frase.

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Entre os candidatos estava uma vencedora do Prêmio Nobel

Uma escritora da história

"Seu ponto forte", disse a autora sobre a protagonista, "é que ela não é depressiva. E isso se parece muito com minha própria história". Na cerimônia de premiação, Schmidt afirmou que seu ocasional humor negro e mordaz também a salvou durante a doença. Ela somente escreveu uma história ficcional, todavia, após ter processado o acontecido, acresceu.

Assim, o romance é tudo menos literatura de autoconhecimento. Isso também não combinaria com a autora, cuja obra compreende justamente o relato da história através da biografia de seus personagens. No caso de Du stirbst nicht, trata-se dos anos entre a reunificação alemã e o início do século 21.

As vivências da autora como psicóloga social foram certamente de grande ajuda. Já em seu fulminante romance de estreia Die Gunnar-Lennefsen-Expedition, de 1998, Schmidt desenvolveu toda uma crônica do século – logicamente a partir da perspectiva das mulheres de uma família.

Também em seus dois romances posteriores Koenigs Kinder (2002) e Seebachs Schwarze Katzen, o tema principal gira em torno de estudos psicológicos de pessoas e meios sociais.

A crítica literária Frauke Meyer-Gosau acertou em denominá-la "historiógrafa psicosocial". E isso se aplica principalmente à elaboração do passado na antiga República Federal da Alemanha (RDA), o que sempre reaparece em seus textos.

Escritora de "tempo integral"

Deutschland Literatur Schriftstellerin Katrin Schmidt
Schmidt nasceu na antiga Alemanha OrientalFoto: ullstein bild - Schleyer

Kathrin Schmidt nasceu em Gotha, na antiga Alemanha Oriental, em 1958. Após haver estudado Psicologia Social, trabalhou como psicóloga infantil. Entre 1983 e 1990, foi colaboradora assistente no Instituto de Pesquisa Social Comparada em Berlim Oriental.

Nos tempos de mudança política e da reunificação, ela deixou o emprego para engajar-se politicamente, entre outros, na chamada "Mesa Redonda" em Berlim Oriental, conferência que tinha por objetivo colaborar com a democratização.

Desde 1994, Schmidt é escritora de "tempo integral". Além de romances, ela escreveu contos e principalmente poesias. Lançado no início do ano, Du Stirbst nicht é seu quarto romance.

Com o fôlego de uma corredora

Um livro que se parece com ela, como afirmou a escritora na cerimônia de entrega do Prêmio Alemão do Livro. Schmidt disse ser ruim em corrida de curta de distância, mas muita boa em provas de fôlego, o que aconteceu de certa forma com este livro.

"No lançamento, no início do ano, o livro não decolou, mas então ele começou a ser lido por cada vez mais pessoas. E, assim, eu quero agradecer ao livro, pois ele aprendeu um pouco comigo."

Trata-se de uma avaliação pertinente também à sua obra. Com muito fôlego, um estilo especial de escrever e um enfoque dos efeitos da história sobre a vida das pessoas, Schmidt conseguiu chegar ao primeiro escalão dos autores alemães contemporâneos.

Autora: Gabriela Schaaf / Carlos Albuquerque

Revisão: Alexandre Schossler

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