Erro humano pode ter causado encalhe no Canal de Suez
28 de março de 2021Um erro humano ou uma falha técnica pode ter causado o encalhe do navio porta-contêineres gigante que há seis dias bloqueia o Canal de Suez, afirmou neste sábado (27/03) o chefe da Autoridade do Canal de Suez, almirante Osama.
Autoridades trabalham para tentar desencalhar a embarcação Ever Given, com bandeira do Panamá, que ficou atravessado no canal artificial na terça-feira e bloqueou completamente a passagem marítima em ambas as direções. O navio porta-contêineres pesa 220 mil toneladas e tem 400 metros de comprimento.
Ventos fortes, combinados com uma tempestade de areia, foram inicialmente apontados como as causas do incidente, mas o chefe da Autoridade do Canal de Suez sublinhou que fatores climáticos não foram os principais motivos para o encalhe. "Pode ter havido erros humanos ou técnicos", acrescentou Rabie.
O bloqueio causou um enorme congestionamento numa das rotas comerciais mais movimentadas do mundo. Cerca de 300 navios estão parados em ambas as extremidades do canal, que liga o Mar Vermelho ao Mar Mediterrâneo, segundo Rabie.
O chefe do canal disse ainda que a paralisação do tráfego tem levado o Egito a perder entre 12 e 14 milhões de dólares por cada dia.
Nova tentativa fracassa
Uma nova tentativa de desencalhar o navio na madrugada deste domingo fracassou. Esperava-se que a operação fosse bem-sucedida com a lua cheia e a previsão de grande maré alta, mas "infelizmente, o estado da maré não ajudou a levantar o Ever Given", disse a empresa especializada em serviços de logística Leth Agencies.
Funcionários têm trabalhado noite e dia com grandes máquinas de dragagem para tentar desencalhar o navio que tem aproximadamente o tamanho do Empire State Building, em Nova York.
Até agora, já foram removidos 27 mil metros cúbicos de areia ao redor do navio para alcançar uma profundidade de 18 metros. Ontem, Rabie disse que tinha esperanças de que a embarcação fosse desencalhada ao longo deste domingo devido à previsão de alta na maré.
Apesar das esperanças, o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, teria ordenado o início dos preparativos para remoção da carga do navio, e assim, diminuir o peso da embarcação, noticiou neste domingo a imprensa local.
A armadora Maersk, a principal operadora no Canal de Suez, afirmou que, mesmo depois de liberado, demorará entre três e seis dias para que o tráfego no canal seja normalizado.
O Canal de Suez fornece uma das principais fontes de renda do Egito, ao lado do turismo e remessas de expatriados. Em 2015, o Egito inaugurou uma extensão de 35 quilômetros paralela ao canal histórico, inaugurado em 1869.
A expansão ampliou o tráfego de um para dois sentidos e foi feita para reduzir o tempo de espera dos navios para atravessar a hidrovia. A passagem conecta os mares Mediterrâneo e Vermelho, fornecendo a rota de transporte mais curta entre a Ásia e a Europa.
cn (Reuters, AFP, Lusa)