Erdogan pede que Grécia abra suas fronteiras
8 de março de 2020O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, pediu neste domingo (08/03) que Atenas abra as suas fronteiras e deixei os refugiados seguirem viagem para outros países europeus. A Grécia e a Bulgária estão tentando conter o fluxo migratório depois de Ancara decidir abrir as suas fronteiras, como forma de pressionar a União Europeia (UE).
"Ei, Grécia, essas pessoas não estão vindo para ficar", disse num evento em Istambul, ignorando que a UE possui um tratado que determina que pedidos de refúgio sejam processados no país de entrada do bloco.
Erdogan acusou ainda a Grécia de bater e intimidar os refugiados. No mesmo discurso, ele confirmou também que irá a Bruxelas na segunda-feira para discutir a questão migratória com líderes da União Europeia.
Nos últimos dias, a tensão entre Ancara e Bruxelas aumentou após a Turquia ter anunciado a abertura de fronteiras para deixar passar milhares de migrantes e refugiados que desejam seguir para a UE, ameaçando rasgar um acordo anterior com a Europa.
Desde então, as forças de segurança gregas dizem ter impedido 39 mil pessoas de atravessar a fronteira. A Turquia diz que o número real é mais de três vezes superior. Houve ainda confrontos violentos na fronteira entre os dois países e a deterioração das condições humanitárias na ilha grega de Lesbos, que abriga mais de 21 mil migrantes.
Um incêndio atingiu neste domingo um centro comunitário de migrantes em Lesbos. Esse foi o segundo incidente deste tipo num local construído para receber refugiados na ilha em uma semana.
Neste domingo, a Turquia afirmou que resgatou dois barcos com refugiados no Mar Egeu depois que a guarda costeira grega os empurrou de volta para águas turcas. Segundo o governo turco, as embarcações levavam 121 pessoas, a maioria do Afeganistão.
O anúncio vem depois de o presidente turco ter amenizado um pouco a pressão migratória sobre a União Europeia, ao ter dado ordens na sexta-feira à Guarda Costeira para impedir os migrantes de atravessar o mar Egeu, uma das portas de entrada na Grécia.
A UE e a Turquia celebraram em 2016 um acordo no qual Ancara se comprometia a combater a passagem clandestina de migrantes para território europeu em troca de bilhões de euros em ajuda financeira.
Mas Ancara afirma que outros termos do acordo com a União Europeia, entre eles a facilitação de vistos e o estabelecimento de determinadas regras comerciais, não foram respeitados. A Turquia também afirma que o pagamento é atualmente insuficiente diante do custo dos 3,6 milhões de migrantes e de refugiados, principalmente sírios, que acolhe há alguns anos.
Com a ameaça de deixar o acordo, a Turquia tenta obter o apoio da União Europeia às suas operações militares no norte da Síria. A ofensiva do regime sírio, apoiada pela Rússia, contra a província de Idlib, último bastião rebelde na Síria, provocou mais de 1 milhão de refugiados.
A UE reconheceu o papel da Turquia em acolher os refugiados, mas rejeita as ameaças de rompimento do acordo por motivos políticos.
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