Equador põe fim à cooperação ambiental com a Alemanha
20 de dezembro de 2014A decisão do Equador de finalizar a cooperação com a Alemanha em questões ambientais responde à intenção de membros da comissão de meio ambiente do Parlamento alemão de visitar, no início deste mês, a reserva ambiental de Yasuní – uma das maiores do planeta, localizada na selva equatoriana. Ali, o presidente Rafael Correa autorizou a exploração de grandes reservas de petróleo.
Correa negou a autorização para que os parlamentares ingressassem em Yasuní, porque a visita "colocava em dúvida" as declarações do governo equatoriano de que a exploração petrolífera naquela área se realizará sob estritas normas ambientais para minimizar possíveis impactos.
De acordo com o ministro do exterior equatoriano, Ricardo Patiño, Quito não vai tolerar nenhuma ingerência do governo alemão em assuntos internos do Equador. Em coletiva de imprensa, Patiño afirmou nesta sexta-feira (19/12) que o governo "não vai aceitar que a cooperação se torne um instrumento de controle". "Como amigos, as portas estão abertas, mas como supervisores, elas permanecem fechadas", assinalou o ministro.
A intenção dos parlamentares era conhecer a exploração petrolífera na reserva, que abriga importante quantidade de espécies da flora e da fauna em perigo de extinção. Os deputados alemães também pretendiam se encontrar com ativistas ambientais que se opõem às atividades extrativas na selva.
Defesa da soberania
À margem da Conferência do Clima em Lima, o ministro alemão da Cooperação Econômica, Gerd Müller, criticou a proibição da entrada dos alemães. Rafael Correa, por sua vez, acusou os parlamentares alemães de colonialismo.
Alemanha e Equador assinaram um convênio de 36 milhões de euros para a proteção de Yasuní e outros 7 milhões de euros para projetos ambientais entre 2013 e 2014.
O ministro do Exterior equatoriano afirmou que os recursos para Yasuní não foram desembolsados, enquanto que o financiamento dos outros projetos será devolvido ao governo alemão nas próximas semanas.
Nos últimos anos, o Equador tem encerrado, unilateralmente, vários convênios de cooperação internacional, especialmente com os Estados Unidos, argumentando a defesa de sua soberania.
CA/epd/rtr