Energia solar avança no mundo
11 de novembro de 2024À medida que cresce a demanda mundial por eletricidade, aumenta a participação do Sol na matriz energética. Embora a preferência continue sendo do carvão mineral (35%) e o gás natural (22%), enquanto em 2015 cabia à energia solar apenas 1%, em 2024 essa percentagem já alcança 6%, tendência francamente ascendente.
Em 2023 foram construídas usinas fotovoltaicas em todo o planeta com uma capacidade total de 447 gigawatts (GW). Segundo a confederação SolarPower, desse modo, em apenas um ano a produção solar global elevou-se em 38%, até 1.624 GW.
Bem mais modesta foi a ampliação das usinas eólicas (117 GW) e a carvão (70 GW) inauguradas no mesmo período, sobretudo na China e na Índia. Nos setores hidrelétrico (+7 GW), de gás natural (+6 GW) e biomassa (+4 GW), o acréscimo foi ainda inferior. Por sua vez, a capacidade de energia nuclear caiu 2 GW em 2023, com o fechamento de mais usinas antigas.
Segundo a SolarPower Europe, a energia fotovoltaica terá um crescimento global ainda mais forte no próximo quinquênio, chegando a até 20% mais usinas por ano. A organização prevê um total de 5.117 GW instalados até 2028, superando os 4.930 GW produzidos por todas as usinas de carvão, gás e petróleo juntas.
Custo da energia solar cai continuamente
Os preços dos módulos fotovoltaicos caíram drasticamente, acima de tudo devido à produção em massa em fábricas chinesas, reduzindo em 80% o custo da energia solar em todo o mundo, nos últimos 15 anos. Na maioria das regiões, ela já é a alternativa mais barata.
Em zonas ensolaradas, é possível gerar eletricidade num parque fotovoltaico ao custo de 0,035 a 0,054 euro por kilowatt/hora, mostra um estudo do Instituto Fraunhofer para Sistemas de Energia Solar (ISE). Em países como Alemanha, em que há pouco sol, o custo é de 0,041 a 0,069 euro por kilowatt/hora, mas ainda bem menos do que a metade da energia proveniente das novas usinas nucleares, a gás ou a carvão.
A expansão fotovoltaica é marcante na Ásia, e muito especialmente na China, onde novos parques solares acrescentaram 253 GW à matriz energética em 2023, elevando a capacidade nacional total a 656 GW. Em 2024 se acrescentarão outros 299 GW. A Agência Internacional de Energia (AIE) calcula que as instalações solares cobrem 10% da demanda chinesa.
Atualmente o país ainda obtém 61% de sua eletricidade das usinas a carvão, tornando-se um dos principais emissores de dióxido de carbono (CO2). Porém o think tank britânico Ember estima que o combustível fóssil perderá importância na China, graças à ascensão da fonte solar.
O fenômeno se fez observar também em outros países em 2023: a Austrália ampliou sua produção solar em 36 GW, elevando a parcela dessa fonte a 15%. No Japão e na Índia, a capacidade solar é de 90 GW – 12% e 11% da demanda nacional, respectivamente. Com 9 GW, 20% da eletricidade do Chile é de origem fotovoltaica. No Brasil, com 39 GW, a proporção é de 11%; enquanto nos EUA (173 GW) e México (11 GW) ela é de 6%.
Ao todo, a União Europeia atingiu em 2023 uma capacidade solar de 269 GW, ou cerca de 10% da demanda total. Com 21%, a Espanha (36 GW), Holanda (33 GW) e Grécia (7 GW) lideram a maior participação fotovoltaica em sua matriz energética, seguidas pela Alemanha (92 GW = 14%), Polônia (17 GW = 12%) e Bulgária (4 GW = 11%).
50 vezes mais energia solar até 2050?
Apesar de o potencial fotovoltaico ser especialmente alto em regiões ensolaradas como a África e o Oriente Médio, lá ele é relativamente pouco explorado. Contudo a SolarPower Europe prevê uma guinada em breve, com a capacidade nesses locais quase quintuplicando até 2028, de 48 GW para 222 GW.
Israel (4 GW) produz 15% de sua eletricidade a partir do Sol. A Turquia (11 GW), África do Sul (6 GW) e Emirados Árabes Unidos (5 GW) suprem 7% de suas respectivas demandas energéticas por meio fotovoltaico, enquanto a proporção é de apenas 2% na potência petrolífera Arábia Saudita (3 GW).
Para abastecer toda a Terra com energia renovável a baixo custo, a solar teria um papel-chave. Um estudo publicado pela revista Science estipula a capacidade necessária em 104 mil GW – 50 vezes mais do que a atualmente disponível. Certos especialistas consideram essa meta viável até 2050, ou até bem mais cedo, se o ritmo da transição for acelerado.
Contudo, um relatório das Nações Unidas lembra que simultaneamente é preciso retirar CO2 da atmosfera, senão será impossível alcançar a meta estipulada no Acordo do Clima de Paris, de limitar o aquecimento do planeta a 1,5º C acima dos níveis pré-industriais.