Enciclopédia Brockhaus
15 de fevereiro de 2008Depois de 200 anos, a Editora Brockhaus decidiu não mais publicar a edição impressa da Enciclopédia Brockhaus, principal obra de consulta em língua alemã. Os 300 mil verbetes da conceituada enciclopédia poderão ser consultados, a partir de 15/04 próximo, gratuitamente na internet.
Após maciças perdas com o lançamento da 21ª edição impressa da enciclopédia, lançada na Feira do Livro de Frankfurt em 2005, a editora de Mannheim transformou, desde o ano passado, a completa redação da Enciclopédia Brockhaus em redação online. A nova oferta online da Brockhaus deverá ser sustentada através de publicidade eletrônica.
Apesar da nova concorrente de peso, a Wikipédia, enciclopédia online livre e cooperativa, afirma que, nos tempos de hoje, obras de consulta impressas não mais funcionam e que a entrada da Brockhaus na internet não a afetará.
Num cartão de memória USB
A história da Enciclopédia Brockhaus começou há exatamente 200 anos, quando o editor Friedrich Arnold Brockhaus, em visita à Feira do Livro de Leipzig, adquiriu uma obra de consulta que considerou defasada e decidiu publicar ele mesmo uma mais completa.
Nascia assim, em 1812, a primeira edição da Enciclopédia Brockhaus, composta na época de apenas dez volumes. Desde então, já foram lançadas 21 edições da enciclopédia, que se tornou sinônimo de obra de consulta.
A última edição de 2005 engloba 30 volumes com 24,5 mil páginas, cerca de 300 mil entradas e 40 mil gráficos e fotos. Esta edição também está disponível de forma digital, cabendo num cartão de memória USB.
As vendas da 21ª edição impressa da Enciclopédia Brockhaus foram, no entanto, um fracasso. O objetivo mínimo de 20 mil exemplares vendidos não foi atingido. Klaus Holoch, porta-voz da editora, afirma que possivelmente não haverá uma 22ª edição e que a editora não poderá manter, somente por prestígio, a edição impressa de sua célebre enciclopédia.
A concorrência é grande
Apesar de perdas no volume de milhões de euros, em 2007, outras publicações da Editora Brockhaus como o dicionário Duden, livros escolares, agendas ou obras de consulta específicas, como o dicionário de vinhos Brockhaus, têm vendido bem, afirma o porta-voz.
Nos últimos seis, sete anos, no entanto, o mercado clássico de enciclopédias "desmoronou", acresceu. Holoch afirma que o futuro está na internet.
Já há um ano o Meyers Lexikon, outra obra de consulta da editora, entrou online. Este foi um projeto-piloto que deu certo. A partir daí, a Brockhaus resolveu transformar a redação da Enciclopédia Brockhaus, com sede em Leipzig, em pura redação online. Cerca de 60 pessoas cuidam do novo produto em Leipzig.
A concorrência é grande, no entanto. Nesta semana, a revista Der Spiegel colocou sua obra de consulta Spiegel Wissen online. Com isto, a Der Spiegel disponibiliza gratuitamente para os internautas os artigos da revista, o dicionário Bertelsmann e parte dos artigos da revista de economia Manager Magazin.
Relevância, correção e segurança
A editora Brockhaus não teme, no entanto, a concorrência e reivindica para si um lugar especial entre as obras de consulta: "Nós iremos, certamente, nos diferenciar de outras ofertas, como a Wikipédia. Apostamos em relevância, correção e segurança. Nós não seremos manipulados".
Por outro lado, a enciclopédia online livre e cooperativa Wikipédia, fundada há cinco anos nos EUA, diz que a nova oferta online da Brockhaus é uma boa notícia. Arne Klempert, da Wikipédia, afirma que "para nós, não haverá mudanças. É uma notícia ótima, porque mais saber estará disponível para todos". (ca)