Ciro Gomes se apresenta como alternativa a Bolsonaro e Lula
24 de agosto de 2022O candidato à Presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes, na sua sabatina ao Jornal Nacional nesta terça-feira (23/08), buscou se colocar como uma alternativa às candidaturas de Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e atribuiu alguns dos maiores problemas atuais do país aos candidatos que lideram as pesquisa de intenção de voto.
Ciro Gomes disputa a Presidência pela quarta vez. Ao longo da sua vida pública, ele foi prefeito de Fortaleza, governador do Ceará e ministro nos governos Itamar Franco e Lula. Sem conseguir fechar alianças, ele concorre este ano numa chapa pura, tendo a vice-prefeita de Salvador, Ana Paula Matos, também do PDT, como vice.
Entre os pontos principais do seu programa de governo, apresentado na primeira quinzena de agosto, está a criação de um Projeto Nacional de Desenvolvimento, taxação de grandes fortunas, expansão de programas de distribuição de renda e um projeto de renegociação de dívidas de famílias e mudanças sensíveis na administração da Petrobras.
No fim de agosto, Ciro estava em terceiro colocado na disputa presidencial, mas distante dos dois primeiros colocados. Com 7% no Datafolha divulgado em 18 de agosto, arrastava-se mais de 20 pontos percentuais atrás de Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro. Em desvantagem nas pesquisas, ele tem multiplicado ataques tanto a Bolsonaro quanto a Lula.
Polarização
Ciro afirmou que não ajudou a construir o que chamou de "polarização odienta, e disse que, ainda na campanha de 2018, ele tentou advertir que as pessoas "não podiam usar a promessa enganosa do Bolsonaro para repudiar a corrupção generalizada e o colapso econômico gravíssimo que foram produzidos pelo PT".
"É grande a massa que vai votar Lula para se livrar do Bolsonaro, mas esqueceram que amanhã tem um país para governar", criticou.
O pedetista disse que seu objetivo é reconciliar o Brasil, e citou uma frase do físico Albert Einstein, segundo a qual "repetir as coisas do passado e esperar resultado diferente é a Teoria da Insanidade".
Renda mínima
Ciro defendeu a implementação de um programa de renda mínima que garantiria mil reais a todas as famílias brasileiras de baixa renda, em caráter permanente. Ele disse que seria como uma ferramenta social que transformaria o Auxilio Brasil – o programa social lançado por Bolsonaro a poucos meses das eleições – em um sistema previdenciário constitucional.
Para tal, ele pegaria o Benefício de Prestação Continuada (BPC), a aposentadoria rural, o seguro-desemprego, e o Auxílio Brasil e transformaria em um direito previdenciário constitucional.
Essa consolidação, segundo afirmou, custaria 290 bilhões de reais. Para torná-la possível, ele quer agregar ao valor já existente do Auxílio Brasil um tributo sobre grandes fortunas, sobre os patrimônios de mais de 20 milhões de reais. "Cada superrico ajudaria a financiar com 50 centavos de cada 100 reais de sua fortuna a sobrevivência digna de 821 brasileiros abaixo da linha da pobreza", explicou.
Plebiscitos
Ciro defendeu a realização de plebiscitos para avançar algumas das reformas que pretende atingir. Ao ser questionado se esta poderia ser uma manobra que poderia resultar em crises institucionais graves, que ameaçariam a democracia representativa, ele disse se espelhar nos modelos europeus e americanos, e não na Venezuela.
A ideia, segundo afirmou, seria "libertar o Brasil de uma crise que corrompeu organicamente a Presidência da República e a transformou em uma espécie de esconderijo do pacto de corrupção e fisiologia".
Ciro aproveitou a oportunidade para criticar Bolsonaro. "Eu vi ontem aqui o cidadão dizendo que não há corrupção no Brasil, mas a corrupção está institucionalizada, está um despudor porque manipula o dinheiro público."
Fim da reeleição
O candidato defendeu o fim da reeleição, ao afirmar que a medida ajudaria a dar mais segurança política ao país. "Minha proposta é transformar a minha eleição não em um voto pessoal, mas em um plebiscito programático", afirmou.
Para tal, o pedetista quer transformar o modelo de presidencialismo de coalizão existente no Brasil, onde os partidos do chamado centrão se tornaram peças essenciais para garantir a governabilidade.
"O que destruiu a governança política brasileira é a reeleição. Presidente se vende a grupos picaretas por medo de CPI e para se reeleger. Ao abrir mão da reeleição poderei cuidar das reformas que o Brasil precisa", explicou.
Alternativa a Lula e Bolsonaro
Ao final, o pedetista anunciou uma medida que chamou de "lei antiganância", aplicada na Inglaterra, que não consta em seu programa de governo "Todo mundo do crédito pessoal, do cartão de crédito, do cheque especial, ao pagar duas vezes a dívida que tem, tem ela quitada por lei", afirmou.
Ele enfatizou que sua candidatura seria uma alternativa aos dois favoritos nas pesquisas.
"Você que vota no Bolsonaro porque não quer o Lula de volta, me dá uma chance. Você que vota no Lula porque não quer mais o Bolsonaro, há um país para governar, me dê uma oportunidade. E você indeciso, sabe quantos são vocês? Mais da metade da população. Está na mão de vocês mudar o Brasil", concluiu.
rc (ots)