Em Israel, vice de Merkel defende solução de dois Estados
31 de janeiro de 2018O ministro alemão do Exterior, Sigmar Gabriel, realizou nesta quarta-feira (31/01) visitas a Israel e aos territórios palestinos. Ele participou de uma conferência junto ao premiê israelense, Benjamin Netanyahu, e se reuniu com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas.
Em discurso durante uma conferência de segurança em Tel Aviv, o ministro pediu que o governo israelense esclareça sua posição quanto ao processo de paz na região.
"Estou preocupado com as opções de Israel a médio e longo prazo", disse o vice de Angela Merkel, ao lado de Netanyahu. "Como amigo e aliado próximo, precisamos saber se Israel deixou de apoiar uma solução negociada para esse conflito".
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A comunidade internacional apoia em peso a chamada solução de dois Estados, que estabeleceria um Estado palestino ao lado de Israel. Este, porém, é um termo cada vez mais impopular entre os políticos de direita israelenses, com a maioria dos parlamentares do partido Likud, de Netanyahu, rejeitando a hipótese de um Estado palestino.
"Vocês estão preparados para pagar o preço da ocupação perpétua e do conflito, um preço que continuará a aumentar se não houver esperanças para a autodeterminação do lado palestino?", questionou Gabriel.
Ele chegou a insinuar que a ajuda da União Europeia (UE) à região poderá diminuir se a solução de dois Estados for completamente descartada por Israel.
Netanyahu interrompe Garbriel
Em abril do ano passado, Netanyahu ignorou Gabriel quando este realizava uma visita diplomática a Israel, por que o ministro alemão se recusou a cancelar compromissos com grupos de direitos humanos críticos ao governo israelense.
No encontro desta quarta-feira, ambos trocaram gentilezas, mas Netanyahu chegou a interromper quando Gabriel falava sobre a solução de dois Estados.
O ministro alemão se dizia "muito grato por ouvir que também o governo de Israel deseja a existência de dois Estados", mas o premiê israelense intercedeu para reiterar a posição de que seu país teria que manter o controle da segurança nos territórios palestinos seja qual for o acordo de paz. "Controlaremos a segurança a oeste do rio Jordão. Essa é a nossa primeira condição", disse Netanyahu.
"Se será ou não definido com um Estado [palestino] quando nós tivermos o controle militar, já é outra história; mas eu prefiro não discutir rótulos e sim, substância."
Netanyahu disse anteriormente que deseja que os palestinos governem a si mesmos, mas evitou especificar se isso significaria um Estado palestino autônomo ou alguma forma diluída de autonomia.
Gabriel, porém, questionou a forma como Israel enxerga o conflito. "Estes são, no melhor dos casos, sinais contraditórios, não passam despercebido na Europa, onde existe uma clara e crescente frustração com as ações de Israel", disse.
"Também na Alemanha, e francamente dentro de meu próprio partido, as gerações mais jovens se sentem cada vez menos inclinadas a aceitar o que consideram um tratamento injusto aos palestinos", disse o ministro. "É cada vez mais difícil para pessoas como eu conseguir explicar a eles as razões pelas quais devemos persistir no nosso apoio a Israel".
Após o encontro com Netanyahu, Gabriel se reuniu com Abbas na cidade palestina de Ramallah. Ele disse que o povo palestino pode contar com a ajuda da Alemanha e da França para destravar as negociações de paz.
As relações entre Israel e Alemanha permanecem frias, principalmente após a decisão de Berlim de adiar as consultas bilaterais devido a uma lei aprovada no Parlamento em Tel Aviv legalizando retroativamente assentamentos judaicos.
A chanceler federal alemã, Angela Merkel, se reuniu com Netanyahu na semana passada durante o Fórum Econômico Mundial em Davos. O premiê deverá participar da Conferência de Segurança de Munique, no próximo mês.
RC/afp/dpa
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