Estrela em Dacar
8 de fevereiro de 2011Em Dacar, onde participa do Fórum Social Mundial, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu nesta segunda-feira (07/02) que a África tome consciência de sua força, no momento em que a "esperança de um novo mundo renasce", especialmente nas ruas do Cairo e em Túnis.
Lembrando que o Brasil tem a segunda maior comunidade negra do mundo, depois da Nigéria, Lula apelou à África que perceba que ela tem um "grande futuro", com "seus 800 milhões de habitantes e seu vasto e rico território". Além disso, afirmou que o continente poderia construir sua independência através da produção de alimentos.
Ele reafirmou que o Brasil não será uma força dominadora na África, mas sim um parceiro. "Sem ingerências externas, a África pode construir seu destino, seu desenvolvimento econômico e social, sua democracia e sua inserção soberana no mundo", afirmou.
Segundo ele, os países ricos "consideravam-nos periferias problemáticas e perigosas. Mas aqueles que, com arrogância, davam lições sobre a forma como tínhamos que gerir a nossa economia não foram capazes de evitar a crise".
Todos os esforços para combater a pobreza e a desigualdade foram vistos, segundo Lula, como assistencialismo ou populismo, mas a história desmentiu o que chamou de falsas teorias.
Novo modelo de desenvolvimento
Lula encontrou-se também com a dirigente socialista francesa Martine Aubry. Eles debateram o G20 e a necessidade de um novo modelo de desenvolvimento. "Durante o G20, parece que não há nenhum problema e nunca falamos sobre o desemprego", declarou Lula a jornalistas no início da reunião. "Estamos fora da realidade", concordou Martine Aubry.
Após a reunião num hotel em Dacar, a dirigente socialista relatou que, com Lula, falou principalmente sobre colaboração no âmbito do próximo G20. "Muito se falou sobre as relações entre a América do Sul e África. A África começa a mostrar-se, fato que a Europa está se esforçando para entender, mas que outros países como a China e a Índia já entenderam", disse Aubry.
"Temos de refletir sobre como podemos unir as bases de um modelo alternativo de desenvolvimento. Lula acredita que não há atualmente nenhum líder no mundo e, especialmente na Europa, capaz de trazer a mudança", acrescentou a líder socialista.
FC/afp/dpa/lusa/dw
Revisão: Alexandre Schossler