Número de filhos por mulher cai pela metade em cinco décadas
17 de outubro de 2018A média atual de filhos por mulher mundo afora é de 2,5, metade da registrada em meados da década de 1960, aponta um relatório divulgado nesta quarta-feira (17/10) pelo Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa).
Segundo o relatório, há uma diferença significativa entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. De acordo com os dados, uma mulher em países desenvolvidos tem, em média, 1,7 filho. Nos países mais pobres, em contrapartida, uma mulher dá à luz quatro crianças, em média.
O estudo do Unfpa ressalta que as mulheres em países em desenvolvimento muitas vezes têm mais filhos do que gostariam, e que o contrário vale para os países industrializados.
No Brasil, a média atual de filhos por mulher é de 1,7, semelhante à de países desenvolvidos e abaixo da média da América Latina e do Caribe, que é de dois filhos.
Segundo o relatório, 80% das mulheres brasileiras com idades entre 15 e 49 anos têm acesso a algum tipo de método contraceptivo. No entanto, para Taís de Freitas, da Unfpa, apesar de estar em declínio, a taxa de fecundidade do Brasil não bate com o número de filhos que as mulheres gostariam de ter, e é preciso garantir políticas específicas para os diferentes grupos sociais.
As taxas de fecundidade diferem de acordo com o nível educacional: entre as brasileiras que completaram ao menos o ensino médio, a média é de um filho, e entre as com menos formação, chega a três.
O mesmo acontece quando se analisam os índices de acordo com a renda. Nos 20% dos domicílios com maiores rendimentos no país, as mulheres têm taxas de fecundidade abaixo das taxas de reposição delas mesmas na população (ao redor de 1, frente à taxa de reposição de 2,1).
Dos 43 países nos quais as mulheres têm em média quatro filhos, 38 estão na África. A alta taxa de natalidade remonta à falta de educação e de prevenção, entre outros fatores. Levando em conta toda a África subsaariana, quase 20 milhões de gestações são indesejadas por ano – cerca de dois quintos de todas as gestações na região.
"Apenas uma em cada duas mulheres que querem evitar a gravidez conseguem fazê-lo [na África subsaariana]. Essas mulheres precisam de melhores serviços de educação e de planejamento familiar", afirma a diretora da fundação alemã Weltbevölkerung, Renate Bähr.
Entre outras coisas, o relatório recomendou melhorar a oferta de serviços de saúde reprodutiva. Os sistemas de saúde precisariam fornecer uma ampla gama de contraceptivos e informações abrangentes sobre os diferentes métodos sem discriminar grupos específicos da população, afirma o Unfpa.
Segundo cálculos dos pesquisadores, a população mundial deve permanecer constante no longo prazo, com uma média de 2,1 filhos por mulher.
O Unfpa foi fundado em 1967. Seus objetivos incluem educar as famílias pobres sobre planejamento familiar e disponibilizar recursos para isso. A organização também é ativa na promoção da saúde em relação à sexualidade e reprodução. O Unfpa é o maior fundo do mundo para o financiamento de programas populacionais.
PV/kna/abr/ots
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