Em Bruxelas, líderes europeus deixam porta aberta para a Ucrânia
21 de dezembro de 2013Embora o presidente ucraniano Viktor Yanukovytch tenha assinado, há poucos dias, um importante acordo com a Rússia, a União Europeia não desiste da Ucrânia. A decisão de Kiev não é vista pelos chefes de Estado e governo da UE como uma rejeição ao bloco.
A Ucrânia foi um dos temas da cúpula da União Europeia, que se encerrou nesta sexta-feira (20/12) em Bruxelas. Após o encontro, que reuniu os chefes de Estado e governo do bloco europeu, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, reiterou que "a porta está aberta". E acrescentou: "Não há uma data para que ela seja fechada." Merkel afirmou que Viktor Yanukovytch continua podendo assinar o planejado acordo de associação com a União Europeia. "A Europa já completou os seus preparativos, agora cabe a Ucrânia decidir."
"Governo não é povo"
O chanceler federal austríaco, Werner Faymann, acredita que a UE tem responsabilidade em relação aos manifestantes ucranianos, que defendem uma aproximação com o Ocidente. "Não podemos decepcionar as pessoas na Ucrânia que têm esperança em nossa causa", disse Faymann.
Outros, como a presidente da Lituânia, Dalia Grybauskaite, já fazem uma distinção entre o governo e a população. "A Europa está aberta para o povo ucraniano, mas não necessariamente para esse governo." Mas Yanukovytch é o presidente e enquanto ele estiver no cargo, a União Europeia não vai poder ignorá-lo.
"Não somos comerciantes de tapetes"
Yanukovytch justificou sua preferência por Moscou pelo fato de a União Europeia não ter lhe oferecido dinheiro suficiente. O presidente ucraniano argumenta que esta seria uma compensação necessária para as perdas que seu país sofreria no comércio com a Rússia, caso a Ucrânia se aproximasse da União Europeia.
No entanto, com a exigência por mais dinheiro, a estratégia de Yanukowitch não somente fracassou. Desde então, os líderes europeus perderam qualquer compreensão para os pedidos do presidente ucraniano. O novo primeiro-ministro luxemburguês, Xavier Bettel, irritou-se: "Não somos comerciantes de tapetes, onde se pergunta quem dá mais."
E o premiê finlandês, Jyrki Katainen, concordou: "Não se trata de uma questão de dinheiro. Não podemos comprar um país." Segundo o chefe de governo belga, Elio di Rupo, o que a Europa tem a oferecer são "estabilidade, democracia, valores. Isso é difícil, é de longo prazo, mas é assim."
Não é possível se ignorar a Rússia
No entanto, os europeus sabem muito bem que a Rússia continuará a ser um importante fator nesse jogo de poder, não importa se o nome do presidente ucraniano é Viktor Yanukovytch, Vitali Klitschko ou qualquer outro. A UE não vê, de forma alguma, a sua oferta à Ucrânia direcionada contra a Rússia. Pelo contrário, a UE acredita que a Rússia também poderia sair lucrando com um acordo de associação entre Bruxelas e Kiev, mesmo que o bloco europeu não aceite um veto de Moscou.
"A Rússia é um importante parceiro da União Europeia", disse o primeiro-ministro finlandês Jyrki Katainen. "E espero que façamos progressos, e que a Rússia esteja interessada em aprofundar nossas relações bilaterais."
Merkel também acredita ser preciso evitar a dicotomia entre UE e a Rússia. Ela também não deseja perder as oportunidades de diálogo com Moscou. E a próxima oportunidade de falar com a Rússia sobre a Ucrânia será no encontro do Conselho UE-Rússia, que se realizará em janeiro.