Em Berlim, premiê ucraniano pede mais armas a Scholz
4 de setembro de 2022O chanceler federal alemão, Olaf Scholz, recebeu neste domingo (04/09) em Berlim o primeiro-ministro da Ucrânia, Denys Shmyhal, que busca mais apoio militar a seu país em guerra.
Shmyhal é a primeira autoridade ucraniana de alto nível a visitar a Alemanha em vários meses – um sinal de alívio nas tensões entre Kiev e Berlim após desentendimentos no início da guerra.
Quando a Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, a Alemanha inicialmente hesitou em fornecer apoio militar a Kiev, levando em conta uma premissa da política alemã, presente desde a Segunda Guerra Mundial, de não enviar armamento diretamente a zonas de conflito. A postura gerou consternação, e Berlim acabou voltando atrás.
Na capital alemã, Shmyhal reconheceu que, desde então, o governo alemão intensificou significativamente sua ajuda militar com armamentos pesados, como o obus 2000 e lançadores de foguetes, todos "funcionando bem no campo de batalha", segundo afirmou.
O premiê ucraniano também disse prever para os próximos meses o envio por Berlim do sistema de defesa aérea Iris-T. Segundo ele, Kiev "espera que a Alemanha se torne um dos líderes no processo de desenvolvimento da defesa aérea ucraniana".
Scholz recebeu Shmyhal com honras militares na capital alemã. Durante a reunião, o líder alemão prometeu continuar apoiando a Ucrânia não apenas militarmente, mas também política e financeiramente, segundo informações do porta-voz do chanceler.
Por sua vez, Shmyhal afirmou que, no encontro, ele e Scholz "discutiram o fortalecimento da capacidade de defesa e mais apoio abrangente", e acrescentou que a segurança energética da Europa também esteve na agenda. "Com certeza a Alemanha é uma parceira consistente e confiável da Ucrânia", escreveu o premiê no Twitter.
Os ministros da Defesa dos países da Otan devem chegar à Alemanha na quinta-feira para uma reunião liderada pelos Estados Unidos voltada para coordenar as necessidades militares da Ucrânia.
Encontro com Steinmeier
Mais cedo neste domingo, Shmyhal se reuniu com o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, a quem também reiterou a "necessidade de se fornecer mais armas à Ucrânia", antes de agradecer a "solidariedade e o apoio da Alemanha aos ucranianos".
A Alemanha "continuará ao lado da Ucrânia de maneira confiável", garantiu Steinmeier a Shmyhal, segundo a porta-voz do presidente alemão.
As trocas cordiais de palavras marcaram uma forte mudança de tom em relação a alguns meses atrás, quando o governo ucraniano rejeitou uma visita de Steinmeier ao país, afirmando que o presidente alemão "não era bem-vindo no momento".
Steinmeier foi ministro do Exterior do governo de Angela Merkel entre 2013 e 2017, e já havia sido criticado por Kiev por seu papel de liderança na melhoria das relações com o presidente russo, Vladimir Putin, quando era chefe da diplomacia.
Entretanto, após a invasão da Ucrânia, Steinmeier reconheceu ter errado e admitiu que deveria ter ouvido os alertas de países do Leste Europeu em relação à sua política de aproximação com Moscou.
ek (AFP, Reuters)