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Em 2100, metade das crianças do mundo viverá na África

26 de outubro de 2017

Unicef alerta para "desastre social e econômico" e pede investimentos urgentes em educação e saúde no continente. Alta taxa de fecundidade e diminuição da mortalidade infantil contribuem para crescimento demográfico.

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Crianças diante de casa de barro no Níger
População infantil em toda a região deverá aumentar em 170 milhões nos próximos 13 anosFoto: Imago/alimdi

As Nações Unidas alertaram nesta quinta-feira (26/10) para a possibilidade de um "desastre social e econômico" na África nos próximos anos devido ao forte crescimento demográfico no continente. Um estudo divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) afirma que até 2100 metade das crianças e jovens do mundo viverá na África.

Somente nos próximos 13 anos, a população com menos de 18 anos em toda a região deverá aumentar em 170 milhões, para 750 milhões, aponta o estudo, intitulado Geração 2030 África 2.0. Em 2050, a população infantil africana já deverá corresponder a 40% da mundial – cem anos antes, em 1950, eram apenas 10%.

Leia também: Casamento infantil ilegal atinge 20 mil meninas por dia

O Unicef aponta que continente precisará de um adicional de 4,2 milhões de profissionais da área da saúde e 4,5 milhões de professores do ensino fundamental até 2030 para evitar que milhões de pessoas sejam forçadas a migrar em busca de condições melhores de vida.

"Estamos na conjuntura mais critica para as crianças na África", alertou Leila Pakkala, diretora regional do Unicef para o leste e o sul da África. "Se agirmos corretamente poderemos livrar milhões de pessoas da pobreza extrema e contribuir para o aumento da prosperidade, estabilidade e da paz."

O Unicef atribui a explosão demográfica no continente nos próximos anos a uma alta taxa de fecundidade, a um aumento do número de mulheres em idade reprodutiva e à diminuição da mortalidade infantil.

Se essas crianças tiverem acesso a educação e saúde até atingirem a idade de começar a trabalhar, poderão proporcionar um grande impulso ao crescimento econômico do continente. Mas, segundo Pakkala, para que isso seja possível, é necessário investir urgentemente nesses dois setores.

Professores e profissionais da saúde devem ser treinados e encorajados a permanecer em suas comunidades de origem, ao invés de sair em busca de melhores perspectivas nos grandes centros urbanos ou em outros países.

Educação e saúde como prioridade

Há, porém, um longo caminho a ser percorrido. Atualmente, mais de uma em cada cinco crianças africanas de idade entre seis e 11 anos não frequentam a escola. Particularmente as meninas têm a maior probabilidade de serem afastadas dos estudos em razão do casamento infantil e da gravidez precoce.

Hoje, seis em cada dez africanos não possuem acesso ao saneamento básico. Em média, há 1,7 médico para cada mil pessoas, número bem abaixo do padrão mínimo internacional estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), de 4,5.

"Até 2030, investir em atenção sanitária e na proteção à educação das crianças deve se converter em prioridade absoluta para a África", afirma Pakkala.

De acordo com estimativas da ONU, a população total da África, que hoje é de 1,2 bilhão, duplicará até 2050, chegando a 2,5 bilhões de pessoas.

RC/rtr/dpa

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