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Eletrobras admite perdas de R$ 300 milhões com corrupção

12 de outubro de 2016

Documentos entregues pela empresa a órgão regulador do mercado americano revelam prejuízos causados por irregularidades e esquema de propinas envolvendo políticos e funcionários da empresa ou de subsidiárias.

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Angra 3
Foto: picture-alliance/dpa/R.Hirschberger

A estatal de energia Eletrobras entregou ao órgão regulador do mercado de ações dos Estados Unidos documentos que revelam perdas de 302,5 milhões de reais no período de 2014 a 2015 em razão de práticas de corrupção.

Em comunicado divulgado nesta terça-feira (11/10), a empresa justificou a entrega das informações financeiras à Comissão de Títulos e Câmbios dos EUA (Sec) com atraso afirmando que aguardava a conclusão de uma "investigação interna independente sobre determinadas alegações relativas à operação Lava Jato".

Uma investigação "independente" conduzida na companhia por consultorias e escritórios de advocacia revelou, de acordo com a nota, "determinados superfaturamentos relacionados à propina e práticas de cartel, considerados ilegais no âmbito de alguns contratos dos projetos investigados". Estes teriam sido celebrados, desde 2008, com "certos empreiteiros e fornecedores".       

As propinas iam de 1% a 6% do valor dos contratos, além de determinadas quantias fixas. Segundo a empresa, a investigação fez "descobertas relacionadas a cartel e propinas que teriam sido pagas por certos empreiteiros e fornecedores contratados por subsidiárias da companhia, bem como certos empreiteiros e fornecedores de algumas das SPEs [empresas] não controladas pela companhia". "O impacto estimado do cartel é de 10% dos pagamentos relativos a um contrato específico", afirma a Eletrobras.

A investigação teria revelado ainda cobranças de propina para financiar pagamentos indevidos a partidos políticos, funcionários eleitos ou outros funcionários públicos, ex-funcionários de subsidiárias e SPEs (empresas) não controladas pela companhia e outros indivíduos envolvidos em esquemas de pagamento.

Segundo as apurações, o rombo provocado pela corrupção na central nuclear de Angra 3 foi de 141 milhões de reais, além de outros 67 milhões na termelétrica Mauá 3 e 2,6 milhões na hidrelétrica de Simplício. As irregularidades ainda geraram prejuízos de 91,5 milhões de reais em outro empreendimento no qual a Eletrobras atua como sócia, cujo nome não foi revelado.

A investigação independente "ainda possui procedimentos adicionais a serem executados”, diz a empresa, acrescentando que as apurações da operação Lava Jato ainda não foram concluídas. "Novas informações relevantes podem ser reveladas no futuro", afirma o comunicado.

O atraso da entrega das informações financeiras levou à suspensão das ações da Eletrobras na bolsa de Nova York. Com o repasse do documento, a estatal espera retomar a negociação sobre suas ações.

RC/lusa/ots