Eleição na Turquia
21 de julho de 2007As eleições gerais deste domingo (22/07) na Turquia decidirão se o atual primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, de tendência islâmica, será reeleito para o cargo ou se haverá uma mudança no governo e no rumo político do país.
As 550 cadeiras do Parlamento são disputadas por 7.535 candidatos de 14 partidos – incluindo 764 candidatos independentes. O Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), de tendência islâmica, comandado por Erdogan, lidera as pesquisas com cerca de 40% das intenções de voto.
Segundo analistas, no entanto, a obtenção de uma maioria absoluta de 276 cadeiras pelo AKP depende de quais outros partidos conseguirão representação no Parlamento. Além do centro-esquerdista Partido Republicano Popular (CHP), principal legenda de oposição, com 18% a 20% nas pesquisas, também o Partido do Caminho Nacional (MHP) – 10% a 12% – deve eleger alguns deputados.
Erdogan, cujo partido fracassou há três meses na tentativa de eleger indiretamente o ministro das Relações Exteriores, Abdullah Gül, para a presidência do país, espera uma vitória acachapante como em 2002. A candidatura de Gül para a presidência foi bloqueada pelo Parlamento, que temia que um chefe de Estado de um partido islâmico colocasse em perigo a tradicional separação entre Igreja e Estado na Turquia.
O AKP, no entanto, se diz comprometido com um Estado secular e defende o ingresso da Turquia na União Européia. Erdogan ameaçou abandonar a política, caso seu partido não consiga neste domingo os votos necessários para governar sozinho.
Turquia e União Européia
Caso o AKP não obtenha a maioria absoluta, os deputados curdos poderiam se transformar em fiel da balança. O Partido Socialista Democrata, de origem curda, lançou seus candidatos como independentes e espera obter 10% dos votos – o mínimo exigido para ter representação no Parlamento. Prevê-se que cerca de 30 desses candidatos conseguirão se eleger.
Especula-se também sobre a possibilidade de formação de uma coalizão entre CHP e MHP. Esses dois partidos, de tendência secular e nacionalista, mostram-se céticos em relação à Europa e defendem uma linha dura no combate ao terrorismo e uma intervenção militar contra o clandestino Partido Trabalhista do Curdistão (PKK) no norte do Iraque. (gh)