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'Efeito Milei' faz peso cair e juros subirem na Argentina

15 de agosto de 2023

Vitória de ultraliberal populista nas primárias para a eleição presidencial gerou corrida por dólares. Javier Milei defende dolarização da economia argentina em contexto de escassez da moeda.

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Javier Milei, candidato de ultradireita à presidência da Argentina. Ele usa uma jaqueta preta de couro e discursa ao microfone com os dedos em riste e os cabelos em desalinho.
Javier Milei, candidato de ultradireita à presidência da Argentina.Foto: Manuel Cortina/ZUMA Wire/IMAGO

Na esteira da vitória de domingo (13/08) do ultraliberal populista Javier Milei nas primárias para as eleições presidenciais da Argentina, o peso argentino registrou nesta segunda-feira forte desvalorização perante o dólar e o aumento da taxa de juros em 21 pontos percentuais, passando a 118% ao ano, justamente para tentar conter esse movimento. Os títulos argentinos também tiveram queda de 12% na Bolsa de Nova York.

Defensor da dolarização da economia argentina, Milei ganhou notoriedade entre o eleitorado com a proposta de extinguir o peso como moeda nacional. E embora os efeitos da medida sejam incertos em um país altamente endividado, empobrecido e que já sofre com inflação alta e escassez de dólares, a projeção do ultraliberal populista impulsionou a demanda pela moeda estrangeira.

Diante da alta demanda por dólares, o Banco Central elevou a taxa de câmbio oficial de 298 pesos, na sexta, para 365 pesos, salto de quase 24% – operações em dólar no mercado oficial, porém, são sujeitas a severas restrições no país, razão pela qual os argentinos frequentemente recorrem ao dólar paralelo, que é referência para os preços praticados no país. Este também saltou, indo de 605 a 690 pesos no mesmo período.

A Argentina sofre com uma das maiores taxas de inflação do mundo, acima dos 100% anuais, e tem 43% de sua população na pobreza. O orçamento está pressionado por gastos públicos muito acima da arrecadação, com uma parcela significativa dos argentinos dependendo de subsídios do governo, e altos níveis de endividamento externo – o país tem um empréstimo em aberto de US$ 44 bilhões (R$ 210 bilhões) com o FMI, contraído durante o governo do conservador Mauricio Macri (2015-2019).

Eleição de fato só em outubro

Admirador declarado do ex-presidente Jair Bolsonaro e defensor de outras ideias que abrangem desde o fechamento do Banco Central à saída do Mercosul, Milei amealhou o aval de 30% do eleitorado argentino que compareceu às primárias de domingo. A votação, contudo, apenas serve para definir quem serão os candidatos aptos a concorrer às eleições de fato, marcadas para 22 de outubro.

Atrás de Milei, a coalizão de oposição Juntos pela Mudança, de centro-direita, teve 28,3% dos votos, seguida pela governista União pela Pátria, do atual ministro da Economia, Sergio Massa, com 27,3% – o pior desempenho desde que as eleições primárias foram implementadas, há 12 anos.

ra/rk (AFP, EFE, ots)