Editores de livros pedem mais segurança em Bangladesh
2 de novembro de 2015Editores queimaram livros e fecharam seus escritórios em Bangladesh nesta segunda-feira (02/11), no terceiro dia de protestos contra os ataques a escritores e editores de livros que deixaram uma pessoa morta e três feridas no fim de semana.
Centenas de pessoas, incluindo proprietários de livrarias, saíram às ruas da capital, Daca, para protestar contra a falta de ação do governo. "Não se trata de um incidente isolado. Eles começaram matando autores, depois blogueiros e agora têm editores como alvo", disse Mustafa Selim, chefe de uma associação de editores de Bangladesh.
Também em outras cidades aconteceram manifestações a favor de segurança para editores, blogueiros e escritores, alguns dos quais foram obrigados a se esconder ou a fugir do país, disseram os organizadores dos protestos.
No sábado passado ocorreram dois ataques com facões, com poucas horas de intervalo. No primeiro, ocorrido no meio da tarde, foram gravemente feridos o editor Ahmedur Rashid Tutul e os blogueiros Tareq Rahim e Ranadipam Basuis.
Segundo testemunhas, os invasores entraram no prédio onde fica a editora, renderam funcionários da portaria com uma pistola e atacaram as vítimas com facões. Tutul foi gravemente ferido. "Tudo aconteceu entre cinco e dez minutos", relatou uma testemunha.
Horas depois, num outro local de Daca, um grupo atacou o editor Faisal Arefin Dipan, também com facões, no seu escritório. Ele morreu no local.
Os dois editores atacados publicaram livros de Avijit Roy, um ateu nascido nos EUA e de origem bengali que foi morto em fevereiro. Roy é um dos quatro blogueiros seculares mortos neste ano, também em ataques com facões.
O grupo radical islâmico Ansarullah Bangla Team reivindicou a responsabilidade pelos quatro ataques aos blogueiros e é o principal suspeito de ter executado os ataques do último fim de semana.
Porém, a Al Qaeda no Continente Subindiano (AQSI) reivindicou a responsabilidade pelos ataques, chamando as vítimas de "ateus e blasfemos".
A polícia, no entanto, manifestou ceticismo quanto à reivindicação da Al Qaeda e suspeita que o Ansarullah Bangla Team, que foi banido, esteja por trás dos incidentes.
LPF/afp/ap