Editora terá que excluir declarações polêmicas de livro sobre Helmut Kohl
13 de novembro de 2014O ex-chanceler federal alemão Helmut Kohl obteve vitória na Justiça contra o jornalista Heribert Schwan. O Tribunal Regional de Colônia sentenciou nesta quinta-feira (13/11) o antigo ghost-writer e atual desafeto do democrata-cristão a retirar 115 citações de seu livro Vermächtnis: Die Kohl-Protokolle (Legado: As atas Kohl).
Cerca de 200 mil exemplares já foram distribuídos desde o lançamento, há cinco semanas. De acordo com a sentença, a editora Heyne, que publicou a obra, não precisará retirá-los de circulação, bastando que as novas tiragens venham sem as citações do ex-chefe de governo.
De acordo com o tribunal, Schwan não poderia ter publicado as polêmicas declarações sem o consentimento do politíco, uma vez que, enquanto autor-fantasma, o jornalista se submetera a um acordo de sigilo, portanto a palavra final sobre a publicação das declarações cabe ao político de 84 anos.
O pedido de medida liminar de Kohl dirigiu-se contra Schwan, seu coautor Tilman Jens e o grupo Random House, à qual pertence a editora Heyne. Esta recorreu da decisão em instância superior.
Declarações polêmicas
Segundo o ex-biógrafo, Kohl declarou que a atual chanceler federal Angela Merkel "não sabia nem comer de garfo e faca" e que "não tem noção de nada". O também democrata-cristão Christian Wulff, ex-presidente da Alemanha que renunciou após um escândalo, teria sido citado por Kohl de forma ácida, como "nulidade" e "grande traidor".
Schwan visitou o ex-premiê 105 vezes entre março de 2001 e outubro de 2002. Gravadas em 135 fitas, as 630 horas de conversas serviriam de base para a biografia de Kohl. Schwan chegou a redigir três dos quatro volumes planejados, mas o ex-chanceler encerrou a cooperação com o jornalista em 2009, antes da conclusão do tomo referente aos últimos quatro anos de Kohl à frente do governo alemão.
Seguiu-se então uma disputa judicial sobre as fitas contendo as conversas, que desde agosto de 2013 estão novamente em posse do biografado. Ele agora exige todas as cópias das fitas e das transcrições das entrevistas.
O advogado de Helmut Kohl, Thomas Hermes, também entrou com uma ação por danos morais contra o autor do livro. O jurista afirma que houve uma gritante quebra de contrato e grave violação dos direitos da personalidade de seu cliente.
MSB/ap/epd/dpa