Lixão
13 de janeiro de 2008Na noite do último sábado (12/01), milhares de pessoas saíram às ruas em Nápoles, no sul da Itália, pedindo a saída do cargo de Antonio Bassolino, governador da Campânia (região onde fica a cidade). Os manifestantes apontam o governador como responsável pela crise do lixo que afeta Nápoles há dias. Bassolino foi prefeito da cidade até o ano de 2000.
Guerrilha urbana
Também nas ilhas da Sardenha e Sicília, o problema em torno do lixo vem causando protestos. Na madrugada do sábado, cerca de dois mil manifestantes jovens enfrentaram a polícia de Cagliari, capital sarda, numa manifestação contra o transporte do lixo de Nápoles para a ilha.
Os jovens atiraram lixo, pedras e garrafas nos policiais e depositaram sacos de lixo em frente à residência de Renato Soru, governador da Sardenha. O diário italiano La Repubblica chamou o ocorrido de "noite da guerrilha" – um confronto que deixou um saldo de oito policiais feridos.
Soru foi o primeiro governador a reagir aos pedidos do premiê Romano Prodi, ao assumir parte da incineração do lixo vindo de Nápoles, a fim de manter a situação sob controle. Um navio transportou até a Sardenha – importante região de veraneio para os europeus – toneladas de dejetos. Nos últimos anos, afirma o governador, foi possível, através da reciclagem, reduzir 300 mil toneladas do lixo produzido na Sardenha, o que faz com que a ilha tenha capacidade de aceitar parte dos dejetos napolitanos.
"Vergonha para o país"
A região da Campânia, onde está localizada Nápoles, passa desde o período do natal por uma verdadeira crise em relação ao destino do lixo acumulado. Segundo as autoridades, já são mais de 140 mil toneladas de lixo nas ruas de Nápoles.
O premiê Romano Prodi condenou com veemência a violência dos manifestantes na Sardenha e afirmou que todo italiano tem a obrigação de se solidarizar com os habitantes da região. O governo, segundo Prodi, não pode tolerar que a situação fique como está. "Essa emergência é uma vergonha para toda a Itália", apelou Prodi.
Alemães e suíços
Na manhã deste domingo (13/01), aproximadamente cem moradores bloquearam, com seus carros, as ruas de acesso a um depósito de lixo, para onde deveriam seguir caminhões cheios de dejetos, que chegaram à Sicília num navio.
A população italiana reage com indignação frente às imagens veiculadas pela televisão, em que se vê parte do lixo da região de Campânia sendo incinerado – a custos altos – nos arredores de Leipzig, na Alemanha.
"Aqui é eliminado o lixo de Nápoles. Paradoxalmente a uma distância de 1.600 quilômetros da cidade", observa um repórter. No momento, uma empresa suíça negocia com as autoridades da região a possibilidade de assumir a incineração e reciclagem do lixo napolitano, noticiam os jornais do país. (sv)