Hotel Petersberg
16 de julho de 2011Quando se está no Vale do Reno, na altura de Königswinter, logo se avista a bandeira preta e vermelha que flameja sobre a montanha de Petersberg. Um imponente edifício de cor clara abriga o hotel cinco estrelas Petersberg, que se pode reconhecer de até 30 quilômetros de distância.
No passado, limusines pretas e reluzentes espremiam-se pelas curvas estreitas para levar importantes chefes de Estado e suas comitivas à hospedaria federal a 331 metros de altitude. Hoje, ciclistas e motociclistas sobem pelo zigue-zague até o local histórico para apreciar a vista fantástico, enquanto pessoas caminham pela trilha para respirar o ar puro da reserva natural Siebengebirge.
Pistas do passado
O gerente do hotel Petersberg, Spiridon Sarantopoulos, é um dos que apreciam o efeito positivo da natureza. Porém, ele também reconhece o "peso da história", presente em todos os cantos – seja um móvel, uma foto ou uma pintura.
O governo federal da Alemanha tentou repetidamente vender o local, mas o contrato de aluguel com a cadeia de hotéis Steinberger vai até 2019. Enquanto isso, Sarantopoulos quer mudar a imagem do lugar. "Os hóspedes vêm com certa reverência. Até mesmo os moradores de Bonn e da região se surpreendem quando lhes digo que podem entrar, como meros mortais, sem passaporte especial", diz.
Admirada, uma senhora para ao lado do tapete, como se não tivesse coragem de pisar nele, que não é vermelho nem extremamente valioso. Ela não possui passaporte diplomático, mas sim um belga, como o do marido, que acabou de fazer aniversário. O ex-militar, antes estacionado numa base da Bélgica na Renânia, aproveitou a ocasião para reviver sua história pessoal e desfrutar do luxo do hotel. "Mais do que excelente", diz a esposa, que, com sotaque francês, procura por superlativos para expressar sua satisfação. "Prometemos voltar e sem dúvida o faremos", garante.
Comida e sotaque franceses
O francês Philippe Devinck, vice-gerente do restaurante do hotel, fala alemão com uma pronúncia impressionante. "Só Deus sabe o quanto eu me esforço", confessa. Durante 26 anos, Devinck esteve a serviço de embaixadores franceses na antiga capital da Alemanha. Por causa da família, permaneceu em Bonn quando o governo federal e as embaixadas estrangeiras se transferiram para Berlim.
Após 11 anos no Hotel Petersberg, Devinck ainda se entusiasma ao falar da porcelana exclusiva com a qual servia os diplomatas. Sua maneira de lidar com os hóspedes – gentil e atencioso – persistiu. O vice-gerente do restaurante faz questão de escolher pessoalmente os queijos franceses que serão servidos. Quem quiser participar de um menu gourmet, com várias opções de cursos, pode estudar com antecedência na internet os cardápios da casa.
Dormir como um chefe de Estado
Do bistrô e do restaurante, o visitante tem uma vista sensacional para as castanheiras, o Reno e as colinas da região de Eifel. Quem quiser ficar mais tempo, precisa reservar um quarto ou uma das suítes onde políticos renomados se hospedavam – como os altos comissários dos Aliados, que, depois de 1949, monitoraram os processos legislativos da jovem república alemã.
Mais tarde, alojaram-se ali convidados oficiais do governo federal – como a rainha Elizabeth, Mikhail Gorbatschov ou Bill Clinton, sempre na suíte presidencial de 250 metros quadrados. A decoração é refinada, mas discreta. "Nelson Mandela dormiu no chão", descobre o hóspede em uma das visitas guiadas por Jessica Floruss ou um de seus colegas.
Nos quartos, salões e no bar, antiguidades e fotografias remetem ao passado, registrando banquetes e recepções do governo federal. "Isso tudo é propriedade federal", explica Floruss.
Imóvel valioso sobre a montanha histórica
O Petersberg pertence ao Estado alemão desde 1978. Na época, o governo federal pagou 18,5 milhões de marcos à família Mühlens, que então administrava a marca de água de colônia "4711". Os interessados em história podem ver ali perto os fundamentos de uma igreja do século 12, assim como cruzes montadas por monges na Idade Média. Com um pouco de sorte, o visitante se deparará ainda com testemunhas que vivenciaram os tempos de glória do hotel, como Elmar Heinen, passeando com seu cão montanhês pela mata.
Em 1965, Heinen acenou para a rainha Elizabeth às margens do Reno. E também é ele que conta o que aconteceu com o carro dado de presente ao então chefe de Estado da União Soviética, Leonid Brejnev. "O Mercedes não ficou parada por muito tempo, porque Brejnev queria testá-lo", diz. Mas, já durante o test drive pela estrada sinuosa, ele sofreu perda total.
Heinen conhece a história da montanha em detalhes, desde o primeiro assentamento celta no século 1º a.C. até o casamento do piloto de Fórmula-1 Michael Schumacher. "A montanha foi totalmente cercada. Até mesmo os funcionários eram controlados, para que nenhuma foto fosse tirada", narra. Para impedir que os paparazzi fotografassem a cerimônia do alto, ela foi celebrada dentro de tendas brancas.
Segurança máxima
Os procedimentos também são muito rígidos quando importantes acordos estratégicos são negociados na montanha – como o que ocorreu na conferência sobre o Afeganistão, há alguns anos. "Há três níveis de segurança", explica Jessica Floruss. "O primeiro começa com barreiras na parte de baixo. Assim, ninguém sobe a montanha. O segundo são as cercas e câmeras mais acima. E o terceiro é o prédio do hotel em si".
Autora: Karin Jäger (lf)
Revisão: Roselaine Wandscheer