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História

Diretores da empresa Bahlsen eram do partido nazista

17 de maio de 2019

Após declarações polêmicas de herdeira, empresa contrata historiador para elucidar seu papel no regime nazista. "Der Spiegel" se antecipa e afirma que três irmãos Bahlsen foram membros do NSDAP e patrocinaram a SS.

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Biscoitos da Bahlsen
Fabricação de biscoitos na unidade próxima a HannoverFoto: picture-alliance/dpa/J. Stratenschulte

O fabricante alemã de biscoitos Bahlsen e a família proprietária reagiram à atual discussão sobre o tratamento de trabalhadores forçados durante a Segunda Guerra – desencadeada por um comentário polêmico da herdeira Verena Bahlsen – e ordenaram uma pesquisa científica externa para esclarecer o papel da empresa durante o regime nazista.

O professor Manfred Grieger, que atuou como o historiador-chefe do Grupo Volkswagen até 2016, foi contratado para montar um painel independente de especialistas para elucidar o passado da empresa, afirmou a Bahlsen nesta quinta-feira (16/05).

A Bahlsen acrescentou que, na década de 1990, pesquisadores da Universidade de Hannover tiveram acesso aos arquivos da empresa para um projeto de pesquisa e examinaram a história empregatícia do fabricante de biscoitos. 

Verena Bahlsen
Verena Bahlsen deu início à polêmica em torno da empresaFoto: picture-alliance/dpa/M. Skolimowska

No entanto, antes mesmo de qualquer resultado, a revista alemã Der Spiegel afirmou em sua atual edição que a família Bahlsen esteve mais envolvida com o regime nazista do que se sabia. Os três irmãos Bahlsen que estavam no comando na época – Hans, Klaus e Werner – foram membros do partido nazista NSDAP e apoiadores da força paramilitar Schutzstaffel (SS).

Os três irmãos faziam parte da direção da fabricante de biscoitos antes da chegada ao poder de Adolf Hitler. O irmão mais velho Hans se juntou a NSDAP em 1º de maio de 1933, enquanto Werner (avô de Verena) e Klaus o seguiram em 1942.

Essas informações constam dos arquivos da desnazificação, como ficou conhecida a política criada pelos Aliados após 1945 para eliminar qualquer influência do nazismo da sociedade alemã.

Hans também aderiu à SS em maio de 1933. Após sua saída da força paramilitar em dezembro de 1934 – supostamente em rejeição à ordem de deixar a Igreja – seus dois irmãos seguiram como patrocinadores da SS até 1935.

No processo de desnazificação após a Segunda Guerra, Hans foi classificado como simpatizante, enquanto seus dois irmãos receberam o status "liberado".

O estopim para o debate sobre o passado do fabricante de biscoitos Bahlsen foram as declarações polêmicas da herdeira, que afirmou em entrevista ao tabloide Bild que a empresa "tratou bem" seus trabalhadores forçados durante o período nazista.

A polêmica começara já antes, quando Verena afirmou, durante uma entrevista num evento comercial, que "só quer ganhar dinheiro e comprar iates com seus dividendos" na empresa.

Quando foi lembrada, nas redes sociais, que sua família ganhou dinheiro às custas de trabalho forçado durante o nazismo, respondeu com a declaração polêmica ao Bild.

"Isso foi antes do meu tempo, e nós pagamos os trabalhadores forçados assim como os alemães, nós os tratamos bem", declarou Verena Bahlsen.

Depois das reações negativas, a jovem herdeira de 26 anos que detém uma quarta parte da empresa se desculpou pelas declarações. "Nada mais distante das minhas intenções do que minimizar o nazismo e suas consequências. Devo reconhecer que preciso aprender mais sobre a história da empresa cujo nome eu carrego."

Segundo estimativas, 13 milhões de pessoas realizaram trabalhos forçado durante o regime nazista. Em 2000, cerca de 60 habitantes do Leste Europeu que foram forçadas a trabalhar para a Bahlsen entraram na Justiça contra a empresa. Segundo estimativas, entre 1941 e 1945, mais de 200 pessoas, a maioria mulheres ucranianas, foram forçadas a trabalhar na fábrica da Bahlsen em Hannover.

O caso foi rejeitado pela Justiça alemã, que afirmou que ele já prescrevera, mas a Bahlsen optou por se unir a uma iniciativa para compensar milhões de vítimas de trabalhos forçados no regime nazista, colaborando com mais de 1,5 milhão de marcos alemães.

A Bahlsen comemora este ano 130 anos de existência e tem um faturamento anual de 560 milhões de euros.

PV/dpa/ots

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