1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Segurança aérea

28 de dezembro de 2010

Presidente designado da Associação dos Aeroportos Alemães propõe que passageiros sejam divididos em "grupos de risco", como forma de prevenir atentados terroristas. Ideia é criticada por políticos e agentes de segurança.

https://p.dw.com/p/zqpu
Controle em aeroporto de Tel Aviv. Em Israel, medida é realidadeFoto: picture alliance/dpa

Autoridades de segurança e administradoras dos aeroportos alemães discutem a classificação de passageiros em grupos de risco, com base em critérios como a origem étnica, a religião e a idade, um modelo já seguido em Israel, como forma de prevenir atentados terroristas.

O trajeto de cada um dos passageiros, o modo de pagamento da passagem aérea e o local onde compraram o bilhete deverão também ser levados em conta na elaboração dos perfis de risco, segundo propôs o presidente da Associação dos Aeroportos Alemães (ADV, na sigla em alemão) a partir de janeiro, Christoph Blume, em entrevista ao jornal Rheinische Post. "Desta forma, os sistemas de controle poderiam ser utilizados de forma mais eficaz, em benefício de todos", afirmou.

Para Blume, medida evitaria exageros nos controles

Na opinião de Blume, a classificação de passageiros segundo perfis de risco permitiria, sobretudo, evitar que os controles de segurança assumam uma dimensão exagerada. "Sempre que há um novo incidente, são introduzidos mais controles e medidas de segurança, criando-se uma escalada de recursos técnicos que acabará por atingir os seus limites", advertiu Blume, que assumirá o cargo em janeiro e também é diretor do Aeroporto de Düsseldorf, o segundo mais movimentado da Alemanha.

O governo alemão reagiu de forma reservada à ideia. “Estamos bem preparados nos aeroportos”, comentou o porta-voz do Ministério do Interior, Stefan Paris. Ele acrescentou que as autoridades estão sempre analisando como os controles podem ser melhorados.

Polícia e políticos rejeitam ideia

Flughafen Düsseldorf Christoph Blume
Blume assume presidência da associação em janeiroFoto: picture-alliance/ dpa

A medida é rejeitada também pelo Sindicado dos Policiais Alemães (GdP, na sigla em alemão). A entidade critica sobretudo a forma como ela é implementada em Israel. "Tais sugestões cheiram muito ao desejo de se querer economizar tempo. É melhor uma meia hora a mais na fila de espera do que estar morto a vida inteira", ironizou o presidente do sindicato, Bernhard Witthaut.

Críticos temem que a elaboração de perfis de risco dos passageiros possa conduzir a violações das leis sobre proteção de dados e à discriminação de certos grupos.

O deputado democrata-cristão Wolfgang Bosbach, presidente da Comissão de Assuntos da Política Interna do Parlamento alemão, considera o plano problemático. "Não posso imaginar como ele pode funcionar sem causar transtornos", disse. Ele acredita que o sistema dê margem à discriminação. "Cada passageiro irá perguntar por que é tratado diferentemente dos outros", acrescentou.

Iata discutirá medida similar

A Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata) propôs recentemente uma estratégia similar, segundo a qual os passageiros seriam escaneados mais ou menos intensamente, dependendo das informações que se tem sobre eles. A ideia está para ser debatida pelos membros da entidade no próximo ano. Em novembro, o governo britânico anunciou planos de introduzir um controle mais rígido de passageiros que chegam de países potencialmente hostis ou que pagam suas passagens em dinheiro.

A triagem de passageiros segundo perfis, também chamada profiling, já esteve em pauta há um ano na Alemanha, associada ao debate sobre escaneadores de corpo em aeroportos, depois de um atentado fracassado, realizado por um nigeriano nos EUA em dezembro do ano passado. O africano tentou detonar uma bomba pouco antes do pouso do avião em que viajava, em Detroit. Na Alemanha, os escaneadores de corpo estão sendo empregados de forma experimental desde setembro.

Depois de analisar os resultados dos testes com os escaneadores de corpo, o governo alemão decidirá, ainda no primeiro semestre de 2011, se o sistema será ou não empregado em todos os aeroportos do país.

MD/dpa/lusa/afp

Revisão: Carlos Albuquerque