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Diretor da PRF que pediu votos para Bolsonaro é exonerado

20 de dezembro de 2022

Silvinei Vasques é alvo do MPF por usar cargo público de maneira indevida e da PF por sua atuação no dia do segundo turno, quando houve bloqueios que dificultaram a chegada de eleitores aos locais de votação.

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Silvinei Vasques fala ao microfone
Às vésperas do segundo turno, Vasques pediu votos para Bolsonaro numa rede social Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

A 11 dias do fim, o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) exonerou o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF),Silvinei Vasques. A exoneração, assinada pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, foi publicada na edição desta terça-feira (20/12) do Diário Oficial da União.

Vasques estava no comando da PRF em 30 de outubro, dia do segundo turno da eleição presidencial, quando houve bloqueios nas estradas que dificultaram a chegada de eleitores aos locais de votação, sobretudo no Nordeste, onde o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), liderava as pesquisas, o que levantou suspeitas de uma tentativa coordenada de interferência indevida no processo eleitoral. Vasques também é réu por improbidade administrativa por pedir votos para Bolsonaro durante a campanha eleitoral.

Em 25 de novembro, o juiz José Arthur Diniz Borges, da 8ª Vara Federal do Rio de Janeiro, aceitou uma ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF) contra Vasques. O MPF afirma que ele utilizou seu cargo público de maneira indevida e com desvio de finalidade e que usou símbolos e imagens da PRF com o objetivo de favorecer a campanha à reeleição de Bolsonaro. Às vésperas do segundo turno, em 29 de outubro, o diretor-geral da PRF pediu votos para Bolsonaro numa rede social e apagou o post em seguida. 

Na época, a PRF emitiu nota em que dizia que acompanhava "com naturalidade a determinação".

Inquérito da PF

Vasques também é alvo de um inquérito da Polícia Federal (PF) que apura a atuação do comandante no segundo turno da eleição e nos subsequentes bloqueios em rodovias do país.

A investigação corre sob sigilo e foi aberta a pedido do MPF para apurar se Vasques cometeu os crimes de prevaricação e violência política.

O inquérito se concentra em dois episódios. O primeiro é relativo à atuação da PRF no dia do segundo turno. Na data, diversos eleitores compartilharam vídeos de operações da PRF parando e revistando veículos, inclusive ônibus. No dia anterior, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, havia proibido a realização de operações pela PRF no dia da votação.

O segundo episódio alvo da Polícia Federal diz respeito aos bloqueios ilegais de rodovias montados por bolsonaristas para contestar o resultado da eleição. O inquérito apura se Vasques foi omisso em relação aos atos de cunho golpista.

A PRF foi acusada de inação nos primeiros dias dos bloqueios. As estradas só começaram a ser liberadas depois da intervenção do Supremo Tribunal Federal (STF).

Dois dias após a votação, em 1º de novembro, o ministro Moraes determinou que as polícias militares dos estados possuem plenas atribuições constitucionais e legais para atuar na desobstrução ilegal de rodovias bloqueadas, inclusive as federais. Foi somente após a decisão que governadores e polícias passaram a agir na liberação dos bloqueios, que em seu auge chegaram a atingir mais de 400 pontos em quase todos os estados brasileiros.

le/as (ots)