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Faixa de Gaza

Agências (rr)31 de dezembro de 2008

Israel rejeitou proposta francesa de cessar-fogo de 48 horas. Mesmo assim, ministros do Exterior decidiram ampliar esforços diplomáticos no conflito. Enquanto jornais questionam coesão do bloco, Sarkozy assume dianteira.

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Hamas se mostrou disposto a avaliar propostas de cessar-fogoFoto: AP

Israel rejeitou oficialmente nesta quarta-feira (31/12) a proposta francesa de um cessar-fogo de 48 horas apresentada um dia antes. "A proposta do ministro do Exterior, Bernard Kouchner, de um armistício temporário unilateral não foi considerada útil, pois está claro que o Hamas não interromperá o lançamento de mísseis contra Israel", informou um alto funcionário do governo.

O governo israelense realizou, na manhã da quarta-feira, uma reunião para analisar a situação em Gaza e seus arredores, após cinco dias de ofensiva que já deixaram mais de 390 mortos e cerca de 1.900 feridos, de acordo com autoridades palestinas. Deste total, 25% pertencem à população civil, informaram as Nações Unidas.

Gaza Angriff Israel
Mais de 390 mortos e cerca de 1.900 feridos em cinco dias de ofensivaFoto: AP

O Hamas, por sua vez, anunciou que está disposto a avaliar propostas de cessar-fogo, desde que estas prevejam a suspensão completa dos ataques israelenses e do bloqueio a Gaza. "Assim que recebermos uma proposta, a estudaremos", disse Ayman Taha, um dos líderes do grupo islâmico.

Diplomacia européia

Altos representantes da União Européia (UE) viajarão na próxima semana a Israel. A decisão foi tomada durante uma reunião de emergência de ministros do Exterior do bloco, realizada na noite de terça-feira (30/12) em Paris.

A comissária de Assuntos Exteriores da UE, Benita Ferrero-Waldner, o encarregado da diplomacia européia, Javier Solana, e o ministro tcheco do Exterior, Karel Schwarzenberg, representarão o bloco. As datas ainda não foram definidas, mas a viagem deverá ser encerrada até 8 de janeiro, para quando está previsto um encontro informal de ministros do Exterior, agendado há muito tempo.

Mais uma vez, a UE reforçou seu pedido de cessar-fogo imediato a Israel e Hamas, salientando que não há solução militar para o conflito. Israel deve abrir permanentemente todos os pontos fronteiriços para a Faixa de Gaza, a fim de permitir a entrada de alimentos, medicamentos e combustíveis, além de possibilitar que feridos sejam postos em segurança.

Kampf im Gazastreifen
Israel não descarta possibilidade de ataque terrestreFoto: AP

Sarkozy se adianta

A chefe da diplomacia israelense, Tzipi Livni, chegará na quinta-feira (31/12) a Paris a fim de se reunir com o presidente Nicolas Sarkozy. E, segundo o ministro Kouchner, o próprio Sarkozy deve ir a Israel na próxima segunda-feira (05/01) para se reunir com o premiê Ehud Olmert e possivelmente com o presidente palestino Mahmoud Abbas. Tudo vai depender, no entanto, do encontro com Livni.

Para o jornal italiano La Reppublica, a atitude de Sarkozy não passa de um esforço para obter um coup, semelhante ao da guerra na Ossétia do Sul, pouco antes do fim da presidência francesa da UE. Entretanto, alerta que "a Europa que conta (para Sarkozy) não fala com uma única voz. (...) No coro europeu, há um solista que ninguém – nem mesmo Obama – pode ignorar: e este não fala francês, mas alemão".

Segundo o alemão Rheinische Post, a UE só poderá conter a escalada da violência no Oriente Médio se conseguir definir uma postura homogênea. E alerta: "A chanceler federal Merkel declarou o grupo radical islâmico Hamas como causa da guerra. Sarkozy alerta Israel contra ofensivas militares desproporcionais. Antigas lealdades vêm à tona, que refletem a divisão da UE nesta questão".