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Retirados ativistas que bloqueavam navio com soja brasileira

1 de julho de 2019

Greenpeace afirma que ativistas foram expulsos "sob ameaça" por funcionários portuários, e estes dizem que ato foi pacífico. ONG impedia descarga na França alegando que soja está "contaminada com desmatamento no Brasil".

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Greenpeace pintou a mensagem "45 graus, zero comprometimento" no casco de navio com soja do Brasil
"45 graus Celsius, zero comprometimento": ativistas do Greenpeace pintam mensagem no casco de navio com soja do BrasilFoto: Greenpeace/Nicolas Chauveau

Cinco ativistas do Greenpeace que impediam o desembarque de uma embarcação do Brasil carregada de soja foram expulsos do porto de Sète, no sul da França, nesta segunda-feira (1º/07). A organização comunicou que os ativistas – que protestavam em defesa do meio ambiente – foram expulsos "sob ameaças" dos funcionários do porto, que negam a denúncia.

"Os ativistas do Greenpeace que ocuparam por três dias quatro guindastes portuários de Sète para travar a descarga de 50 mil toneladas de soja proveniente do desmatamento foram expulsos sob a ameaça virulenta de estivadores, enquanto as forças de ordem, normalmente responsáveis por garantir a segurança desse tipo de operação, permaneceram espectadoras", acusou a ONG em comunicado.

Membros do Greenpeace bloqueavam desde sexta-feira a descarga da embarcação brasileira a fim de "denunciar a falta de comprometimento do governo francês com as causas ambientais", já que a soja a bordo estaria "contaminada com o desmatamento no Brasil".

"Essa situação é inaceitável e extremamente séria", disse Suzanne Dalle, da campanha de agricultura do Greenpeace na França. "Esperamos três dias por respostas do governo à questão climática e ao desmatamento. No final, nossos ativistas são despejados por pessoas não autorizadas, agressivas e intimidadoras."

O diretor do porto de Sète, Marc Antoine, negou as acusações. "Sim, subimos com os operadores de guindastes. Conversamos com eles sem qualquer intervenção [policial]", disse. Segundo ele, os ativistas concordaram em descer e "tudo aconteceu com a maior gentileza".

O cargueiro ELLIREA saiu do porto de Cotegipe, em Salvador, e transportava 50 mil toneladas de farelo de soja, metade destinada à França e a outra metade, à Eslovênia.

Segundo o Greenpeace, a soja seria provavelmente usada para alimentar animais nesses dois países. O grupo denunciou ainda que por trás da cultura da soja "estão o desmatamento e as emissões massivas de gases de efeito estufa que estão aquecendo nosso planeta".

Para atrair atenções para sua causa ambiental, os ativistas do Greenpeace bloquearam o acesso do cargueiro ao cais – eles impediram o navio de atracar, com um ativista pendurado em sua âncora. Os quatro guindastes que seriam utilizados para descarregar a soja foram ocupados.

Faixas foram estendidas com os dizeres "Agricultura industrial = desmatamento" e "Aviso: soja de desmatamento". O casco do navio foi pintado com a mensagem "Assassino florestal".

"Enquanto a França está sufocada sob os efeitos da onda de calor, ela enviou um sinal muito ruim neste fim de semana na luta contra as alterações climáticas com a assinatura do acordo de livre-comércio entre a UE e o Mercosul, o que irá agravar ainda mais o desmatamento no Brasil e na América Latina", disse Suzanne Dalle.

A soja começou a ser descarregada na tarde desta segunda-feira, mas uma dúzia de ativistas ainda estava acorrentada a guindastes portuários, relatou o diretor do porto de Sète à agência francesa de notícias AFP.

PV/afp/ots

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