Desafios digitais
11 de dezembro de 2003O ano de 2003 colocou um marco no desenvolvimento tecnológico: pela primeira vez, o número de pessoas online na Alemanha superou o das que ainda não estão conectadas à rede global. Concretamente: pouco mais da metade dos cidadãos alemães dispõem de acesso à internet. Este dado se relativiza, no entanto, quando se constata que nem a metade das empresas de pequeno e médio porte faz uso da internet, e que nem 10% emprega a rede de maneira a aproveitar as vantagens econômicas que ela proporciona.
Graças à iniciativa Escolas na Rede, conseguiu-se instalar em todas as escolas alemãs um acesso à internet. Este fato se relativiza, no entanto, quando se constata que quase dois terços dos professores alemães nunca fizeram um curso de computação e que apenas 29% emprega o PC nas aulas.
Completamente online até 2005
A União quer estar completamente ligada à rede até 2005. Os dados é que devem correr e não o cidadão, prometeu o chanceler federal. Esta perspectiva se relativiza, no entanto, quando se sabe que a Alemanha tem organização federalista e que cada Estado, cada cidade e município tem seu sistema de TI próprio, não compatível com o de seus vizinhos.
Estes três exemplos mostram os abismos existentes entre a pretensão e a realidade. Diante deste quadro, o governo alemão lançou no início de dezembro um programa de ação intitulado Sociedade de Informação Alemanha 2006, visando a uma divulgação mais rápida das tecnologias de informação e comunicação.
"O primeiro marco é aumentar para 75% a taxa de utilização da internet, que atualmente está pouco acima dos 50%", afirma Martin Cronenberg, do Ministério do Trabalho. Mas para poder aproveitar de fato as vantagens econômicas da rede será preciso ir mais longe: "Atualmente apenas cerca de 10% das empresas de pequeno e médio porte utilizam a internet em toda a cadeia de valor adicionado, ou seja, desde a compra até a venda. Queremos aumentar este percentual para 40%, até 2008".
Acelerando as mudanças
Um papel importante dentro deste programa de ação cabe à chamada Iniciativa 21. Trata-se de uma associação sem fins lucrativos, formada por empresas de diferentes setores e por instituições públicas, que tem por meta acelerar a transformação da Alemanha numa sociedade da informação e aproveitar as chances que a TI oferece para o crescimento e a geração de empregos.
Gerhard Schröder assumiu pessoalmente a presidência do conselho da associação e estabeleceu metas importantes. A utilização da TI no setor da saúde, por exemplo, — ou seja, a introdução de um cartão eletrônico individual com todos os dados médicos relevantes — deverá ajudar a economizar, até 2006, os 20% a 40% dos custos do sistema de saúde resultantes da multiplicidade de registros e exames que se fazem em função de uma comunicação incipiente ou de deficiências no processamento eletrônico de dados.
Mais empregos na economia da informação
Só no ano 2000, o número de pessoas ocupadas no setor da informação e comunicação subiu 10%, o que corresponde a 100 mil postos de trabalho. É verdade que a retração na conjuntura nos dois últimos anos custou muitos empregos, mas ainda assim há cerca de 750 mil pessoas trabalhando no setor.
O Departamento Federal do Trabalho colocou em funcionamento, também no começo deste mês, um portal online anunciado como a "maior bolsa de empregos e de ofertas de aprendizado da Europa". Pesquisas indicam que 80% dos usuários da internet já recorreram à rede na busca de um emprego, com uma cota de sucesso de 20%.