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Deputada defende que Erdogan seja banido da Alemanha

12 de junho de 2016

Política defende resposta mais firme de Merkel às reações de Ancara. Ela faz parte do grupo de parlamentares de origem turca que foram ameaçados de morte por apoiarem reconhecimento do genocídio armênio no Bundestag.

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Sevim Dagdelen: "Quem na Turquia clama pela violência contra deputados alemães deveria ser proibido de entrar aqui"
Sevim Dagdelen: "Quem na Turquia clama pela violência contra deputados alemães deveria ser proibido de entrar aqui"Foto: picture-alliance/Eventpress Stauffenberg

A deputada alemã Sevim Dagdelen, uma das 11 políticas de origem turca ameaçadas de morte em meio à polêmica sobre o reconhecimento do genocídio armênio, defendeu que o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, seja proibido de entrar na Alemanha.

Em entrevista à edição deste domingo (12/06) do tabloide Bild, Dagdelen defendeu uma resposta mais firme do governo da chanceler federal Angela Merkel, que até agora se limitou a rechaçar declarações e acusações feitas por Erdogan.

"Quem na Turquia clama pela violência contra deputados alemães deveria ser proibido de entrar aqui. E isso vale também para o presidente Erdogan", afirmou a política do partido A Esquerda.

Há uma semana, o Parlamento alemão aprovou, quase por unanimidade, a resolução que classifica como genocídio o massacre perpetrado em 1915 pelo Império Otomano contra a minoria armênia, o que irritou Ancara e despertou a ira de nacionalistas turcos.

Segundo o Bild, um empresário de Istambul estaria oferecendo 100 mil euros para quem matar Sevim Dagdelen. Ela e os outros deputados receberam contínuas ameaças de morte desde a votação, estão sob contínua proteção policial e foram alertados pelo governo alemão a não viajar para a Turquia.

Na semana passada, Dagdelen concedeu entrevista à DW e alertou para a crescente influência que Erdogan tem na Alemanha. Filha de turcos, ela afirma que muitos imigrantes e seus descendentes se informam através da mídia da Turquia, controlada pelo presidente.

O governo turco tachou a resolução do Bundestag de "um erro histórico", que ameaça arranhar ainda mais as relações entre Ancara e Berlim, desgastadas no último ano devido à crise migratória e ao debate sobre o papel de cada país no acolhimento aos refugiados.

O presidente turco acusou pessoalmente os 11 deputados de origem turca que votaram a favor da resolução de serem uma extensão do banido Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), classificado como organização terrorista tanto na Alemanha quanto na Turquia. Além disso, Erdogan exigiu um teste de sangue, para verificar a origem dos parlamentares.

Relações arranhadas

O governo Erdogan é um aliado crucial para a chanceler federal Angela Merkel na questão migratória, já que a Turquia aceitou receber de volta refugiados que partem de seu território rumo à Grécia.

As relações diplomáticas de Merkel com o presidente turco estiveram sob fogo por diversas vezes nos últimos meses, com vários críticos acusando a chanceler federal de ignorar o histórico de direitos humanos na Turquia e a piora da liberdade de imprensa a fim de receber a cooperação de Ancara na implementação do acordo de refugiados da União Europeia.

Até que a coalizão de Merkel decidisse impulsionar a resolução, no ano passado, a posição oficial do governo alemão era de lamentar o ocorrido com o povo armênipo, mas sem mencionar a palavra genocídio – nem de forma oral nem escrita. Num país em que a reconciliação com passado é reiterada todo momento, a postura era constantemente alvo de críticas.

Mas a Alemanha tem problemas com a palavra. Há tempos Berlim vinha se movimentando com muito cuidado sobre um terreno político minado. Não se queria estragar a relação com a Turquia, membro da Otan. Assim como o relacionamento com os mais de 3 milhões de cidadãos de origem turca que vivem na Alemanha. Há, ainda, o envolvimento alemão – então aliado do Império Otomano – na catástrofe dos armênios, que pode ser passível de pagamentos de reparações.

Genocídio dos armênios é a interpretação oficial em mais de 20 países, incluindo França, Suíça e Brasil. O termo "genocídio" foi definido pela ONU em 1948 como atos cometidos com a intenção de destruir, total ou parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso.

RPR/ots