1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Depois da China, Taiwan inicia exercícios militares

9 de agosto de 2022

Ilha autogovernada executa manobras com munição real para simular defesa em caso de ataque. Ministro afirma que China realiza exercícios militares para se preparar para invadir Taiwan.

https://p.dw.com/p/4FKGs
A imagem mostra uma área verde com densa fumaça branca e cinza ao fundo, resultado de munições disparadas de sistemas de artilharia do Exército de Taiwan.
Nova rodada de exercícios militares de Taiwan está prevista para quinta-feiraFoto: Annabelle Chih/Getty Images

Depois de a China prosseguir com exercícios militares inicialmente programados para durar até domingo, Taiwan realizou uma série de manobras com munição real nesta terça-feira (09/08). Os treinamentos devem ter continuidade na quinta, com a movimentação de centenas de soldados e cerca de 40 howitzers (obuses de longo alcance).

Taipei deu início aos exercícios na região do Condado de Pingtung, no sul da ilha, pouco depois das 8h40 no horário local – 21h40 de segunda-feira no horário de Brasília – e finalizou a prática menos de uma hora depois, às 9h30, após lançar sinalizadores e utilizar sistemas de artilharia.

De acordo com o porta-voz do Oitavo Comando do Exército de Taiwan, Lou Woei-jye, os exercícios já estavam planejados e não foram uma resposta direta às manobras chinesas na região. As manobras desta terça simularam como Taiwan poderia se defender de um ataque

As tensões na região se acirraram com a visita da presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taiwan, na semana passada, apesar de alertas da China.

Taiwan é uma ilha autogovernada desde 1949, com um regime democrático e politicamente próxima de países do Ocidente, e uma importante produtora de chips eletrônicos. A China, no entanto, 

considera a ilha parte de seu território e exige que países escolham entre manter relações diplomáticas ou com a China ou com Taiwan. Nesse contexto, a viagem de Pelosi irritou o regime chinês.

China US Taiwan
Ministro das Relações Exteriores de Taiwan, Joseph Wu: "China usou exercícios para se preparar para a invasão de Taiwan."Foto: Taiwan Ministry of Foreign Affairs/AP/picture alliance

Taiwan: "China se prepara para invasão"

Em coletiva de imprensa, o Ministro das Relações Exteriores de Taiwan, Joseph Wu, disse que "a China usou os exercícios e sua cartilha militar para se preparar para a invasão de Taiwan".

"A verdadeira intenção da China é alterar o status quo no Estreito de Taiwan e em toda a região", acrescentou Wu.

O ministro disse que além de visar anexar Taiwan, a China quer estabelecer seu domínio sobre o Pacífico Ocidental. Isso incluiria o controle dos mares da China Oriental e Meridional através do Estreito de Taiwan e a imposição de um bloqueio para evitar que os EUA e seus aliados ajudassem Taiwan no caso de um ataque.

Estados Unidos, Austrália e Japão condenaram as manobras chinesas. Nesta segunda, nas suas primeiras declarações sobre Taiwan após a visita de Pelosi à ilha, o presidente americano, Joe Biden, se disse preocupado com as ações da China na região. 

"Estou preocupado com o fato de estarem se movimentando tanto, mas não acho que vão fazer nada mais do que estão fazendo", afirmou Biden a repórteres.

Impasse no Estreito de Taiwan

Inicialmente, os exercícios militares da China estavam programados para ocorrer entre quinta-feira e domingo. Mas o Comando Oriental do Exército chinês anunciou que as simulações continuariam nestas segunda e terça-feira.

A China disse nesta terça que prosseguiria com manobras nas águas e no espaço aéreo ao redor de Taiwan, com foco em bloqueios e logística de reabastecimento. Na segunda-feira, o Exército chinês havia se concentrado em operações conjuntas antissubmarino e de ataques marítimos.

Citando uma fonte anônima, a agência de notícias Reuters informou nesta terça-feira que cerca de 20 embarcações das marinhas chinesa e taiwanesa se mantiveram próximas à chamada linha mediana, uma linha não oficial no Estreito de Taiwan que separa ambos os territórios.

A linha mediana foi sugerida inicialmente pelos Estados Unidos e, durante décadas, ambos os lados mantiveram um acordo tácito para não cruzá-la. A China, porém, ultrapassou a linha pela primeira vez em 1999 e, desde então, tem feito isso com cada vez mais frequência.

gb/lf (Reuters, AP, AFP, ots)