Craque

Para os fãs do futebol alemão, 16 de janeiro vai ficar marcado como o dia em que a falta de motivação venceu o talento. Após enfrentar sucessivas lesões no joelho, que o tiraram de dois mundiais e o levaram à depressão, o meia Sebastian Deisler, 27 anos, anunciou nesta terça-feira sua precoce aposentadoria.

Considerado um dos jogadores mais talentosos do futebol alemão nos últimos tempos, o meia do Bayern de Munique e da seleção alemã alegou não ser possível prosseguir jogando sem confiar no próprio corpo. "Não tenho mais fé alguma em meu joelho", declarou Deisler em uma entrevista coletiva convocada pelo Bayern.

A diretoria do Bayern de Munique, que contava com Deisler para fazer a diferença na fase decisiva da Liga dos Campeões e para o returno da Bundesliga, lamentou a decisão do jogador. "Ele é um dos melhores que já tivemos na Alemanha. Nós lutamos por Sebastian, não consigo entender a decisão dele", disse o diretor do Bayern, Uli Hoeness.

O clube da Baviera adiantou que não vai rescindir o contrato com Deisler, que vai até junho de 2009, mas apenas congelá-lo. Assim, caso o jogador queira retornar aos gramados, as portas do Bayern estarão abertas. "Tenho pensado sobre isso [aposentadoria] por um longo tempo e minha decisão é definitiva", afirmou Deisler.

Lesão e depressão

Deisler iniciou sua carreira como profissional em 1998, aos 18 anos, pelo Borussia Mönchengladbach. Passou pelo Hertha Berlim antes de ser contratado pelo Bayern de Munique, em 2002. Pelos três clubes que defendeu, atuou 135 vezes no Campeonato Alemão e marcou 18 gols.

A facilidade no drible – algo raro nos jogadores alemães – e sua velocidade renderam ao jovem meio-campo ofensivo uma vaga na seleção alemã. Sob muita expectativa, Deisler estreou em 2000. Fez três gols em 36 partidas pela seleção, porém, teria feito muito mais, não fosse as cinco cirurgias no joelho.

Após duas operações, em novembro de 2003 e outubro de 2004, sofreu de depressão, o que dificultou sua recuperação. Os problemas no joelho, que acompanharam o jogador ao longo da curta carreira, não permitiram a Deisler realizar o sonho de qualquer jogador: disputar uma Copa do Mundo.