Deficit grego é maior que o esperado, segundo revista alemã
19 de agosto de 2012A crise na Grécia é pior do que se pensava. "Ao governo em Atenas faltam nos próximos dois anos não os 11,5 bilhões de euro previstos, mas até 14 bilhões de euros", informou neste sábado (18/08) a revista semanal alemã Der Spiegel .
Segundo a publicação, a cifra foi constatada no último relatório da troika, formada pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo os especialistas, a causa para as dificuldades financeiras gregas seriam os reveses contra as planejadas privatizações e falta de receitas fiscais devido à deterioração da economia.
A quantidade exata de fundos necessários para evitar a falência estatal da Grécia deverá ser revelada em um relatório em setembro, quando a troika viajará novamente a Atenas. A expectativa, na avaliação da imprensa grega, é que os primeiros sinais sejam dados nos encontros do Eurogrupo de 14 de setembro e 8 de outubro. Em Atenas, acredita-se que, no mais tardar, haverá clareza sobre o destino da Grécia até 18 e 19 de outubro.
Em busca da solução
Os especialistas da troika criticam o fato de o governo do primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, ter prometido novas medidas de austeridade mas não ter explicado como as pretende cumprir. Segundo a Der Spiegel, consta no relatório parcial do grupo que, partindo de uma exigência de 11,5 bilhões de euros, um terço da quantia está descoberto.
Segundo informou o jornal alemão Welt am Sonntag neste domingo, França e outros países sul-europeus pedem que sejam concedidos novos auxílios a Atenas, se necessário, para evitar a saída do país da zona do euro.
A Der Spiegel, por sua vez, informou que governos da zona do euro estão buscando uma maneira de cobrir o buraco financeiro sem recorrer a um novo pacote de ajuda. De acordo com a revista, para aliviar a Grécia, os países credores consideram a possibilidade de diminuir os juros sobre os créditos concedidos ao Estado endividado ou até mesmo conceder uma moratória.
O governo alemão rejeita um terceiro pacote de resgate e, segundo o Welt am Sonntag, é apoiado por países como Finlândia, Estônia e Eslováquia. "É claro que podemos ajudar os gregos, mas não podemos nos responsabilizar por arremessar dinheiro em um poço sem fundo", declarou o ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble.
O ministro do Exterior alemão, Guido Westerwelle, também se disse contrário a novas concessões à Grécia. "Um relaxamento das reformas acordadas não está sob cogitação", declarou ao jornal Tagesspiegel am Sonntag. O ministro comentou que gostaria que a zona do euro permanecesse unida mas observou que "a chave para o futuro da Grécia está nas mãos de Atenas".
Gregos sob pressão
O ministro do Exterior grego, Dimitris Avramopoulos, viajou neste domingo para Berlim. Sua intenção é preparar o governo grego para o importante encontro entre Samaras e a chanceler federal alemã, Angela Merkel, na próxima sexta-feira. De acordo com a mídia grega, a reunião será decisiva para a permanência da Grécia na zona do euro.
O conservador Samaras e o ministro das Finanças grego, o socialista Evangelos Venizelos, sabem que os cortes exigidos do país causarão descontentamento entre a população. Entretanto, Samaras está decidido a impor o programa de austeridade no parlamento, mesmo que com uma estreita maioria, reportou o jornal grego Kathimerini neste domingo.
Os próximos dias serão repletos de acontecimentos importantes para os gregos. Na próxima quarta-feira, o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, apresentará um esboço do programa de austeridade em Atenas. Na mesma semana, Merkel e o presidente francês, François Hollande, se reunirão em Berlim, provavelmente para discutir a questão grega.
Samaras também se encontrará com Merkel, na sexta-feira, e com Hollande, no sábado. Ao que tudo indica, o primeiro-ministro pedirá mais tempo para implementar os cortes prometidos, em troca de dois pacotes de resgate.
LPF/dpa/dapd
Revisão: Marcio Damasceno