G20 omite condenação ao protecionismo por pressão dos EUA
18 de março de 2017A declaração final da reunião de ministros das Finanças do G20, divulgada neste sábado (18/03), exclui a tradicional condenação ao protecionismo econômico e o apoio ao acordo de Paris sobre o clima, o que reflete posições do novo governo dos Estados Unidos sobre os dois temas.
A declaração é bem menos explícita que a do ano anterior sobre comércio e protecionismo. Ela afirma que os países "trabalham para fortalecer a contribuição do comércio para as nossas economias". Em 2016, a declaração pedia aos países para resistir a "todas as formas" de protecionismo.
Segundo diplomatas ouvidos pela agência de notícias francesa AFP, o novo governo dos Estados Unidos impediu o consenso em relação a esses dois temas nas conversações entre os ministros e conselheiros reunidos em Baden-Baden, no sul da Alemanha. O encontro foi a primeira grande reunião multilateral do novo secretário americano do Tesouro, Steven Mnuchin.
Questionado sobre a omissão, Mnuchin afirmou que o que estava em comunicados passados não era necessariamente relevante desta vez. "Acreditamos no livre-comércio, mas num comércio equilibrado", disse, e "acreditamos que é importante corrigir os desequilíbrios comerciais onde eles se produzirem", numa referência ao superávit comercial da Alemanha.
"Queremos uma situação onde todos ganham, onde o que é bom para nós é bom para outros", acrescentou o secretário americano do Tesouro. Ele afirmou ainda que "os Estados Unidos acreditam no comércio livre, justo e equilibrado". Quanto às mudanças climáticas, disse que o tema é mais apropriado para um encontro de chefes de Estado e de governo e não de ministros das Finanças.
O ministro das Finanças da França, Michel Sapin, lamentou o desacordo. "Lamento que as nossas discussões de hoje tenham sido incapazes de chegar a uma posição satisfatória relativamente a essas duas prioridades absolutamente centrais no mundo de hoje e sobre as quais a França quer que o G20 continue a atuar com firmeza e de forma concertada", afirmou.
O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, admitiu a falta de consenso sobre o livre-comércio. "Para a formulação de um comunicado não conseguimos chegar a um consenso", disse, ressaltando que se chegou a algumas declarações que, apesar de não serem muito concretas, mostram o compromisso comum com um comércio justo. "Chegámos a declarações com as quais não se avança muito, mas que mostram o nosso compromisso com um comércio justo e contra a manipulação das taxas de câmbio", destacou.
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