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Decisões de cúpula da UE beneficiam países em crise

29 de junho de 2012

Cúpula europeia marcou vitória de países em crise, como Itália e Espanha. Foi decidido o uso mais flexível dos fundos de resgate, que farão empréstimos sem impor condições e poderão ajudar bancos de forma direta.

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(L-R) Denmark's Prime Minister Helle Thorning-Schmidt, European Council President Herman Van Rompuy and European Commission President Jose Manuel Barroso address a joint news conference during an European Union leaders summit in Brussels June 28, 2012. EU leaders were meeting on Thursday for their 20th summit since Europe's debt crisis began 2-1/2 years ago. REUTERS/Francois Lenoir (BELGIUM - Tags: POLITICS BUSINESS TPX IMAGES OF THE DAY)
Foto: Reuters

Espanha e Itália podem se dar por satisfeitas. Ambos os países têm problemas graves para se refinanciar nos mercados de capital e precisam desesperadamente de um alívio nas taxas de juros. Sobretudo a chanceler federal alemã, Angela Merkel, sofreu uma enorme pressão para abrir mão de sua linha severa durante a reunião em Bruxelas, que varou a noite.

No final, ela cedeu. O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, junto como premiê italiano, Mario Monti, condicionaram seu aval a um pacto de crescimento e emprego a concessões na questão dos juros, conseguindo o que desejavam. E Rajoy apresentou o acordo alcançado como algo acordado não em proveito próprio.

"Nosso objetivo comum mais importante foi preservar o euro e mostrar um acordo redondo sobre a irreversibilidade da moeda comum", afirmou, complementando que, nesse sentido, a cúpula enviou um sinal claro. "O projeto europeu é hoje mais forte e tem mais credibilidade do que ontem."

Os resultados

O que é novo, sobretudo, é que os fundos europeus de resgate FEEF e MEEF deverão ser utilizados de forma mais flexível, com o objetivo de baixar as taxas de juros. Por exemplo, o MEEF poderá no futuro prestar ajuda direta a bancos, o que é particularmente importante para a Espanha, com o seu setor bancário em crise. As ajudas para essas instituições não necessariamente transcorrerão mais através dos Estados.

No entanto, uma condição para isso é a criação de uma instância de supervisão bancária conjunta na zona do euro, que deverá estar atuando até o final do ano. Também Estados vão poder obter ajuda financeira de forma mais fácil, sem necessitarem se condicionar a extensos programas de corte de austeridade, contanto que respeitem as recomendações orçamentais da Comissão Europeia. Isso pode ser sobretudo interessante para a Itália que, apesar das taxas de juros elevadas, vem evitando a todo custo o tradicional programa de resgate como os que receberam Grécia e Portugal.

Germany's Chancellor Angela Merkel arrives to attend an European Union leaders summit in Brussels June 29, 2012. Euro zone leaders agreed on Friday to take emergency action to bring down Italy's and Spain's spiralling borrowing costs and to create a single supervisory body for euro zone banks by the end of this year, a first step towards a European banking union. REUTERS/Francois Lenoir (BELGIUM - Tags: POLITICS BUSINESS)
Merkel saiu de Bruxelas como a grande perdedoraFoto: Reuters

Pressão e opressão

Não é segredo para ninguém que Merkel deixou a cúpula diferente do que chegou nela. Mas ela manteve a pose, apesar de tudo, não querendo falar em pressão espanhola ou italiana. "A pressão está nos mercados financeiros. Os juros altos são uma opressão. A palavra vem também de pressão", afirmou, acrescentando que há um grande interesse em se encontrar soluções nesse aspecto.

O presidente francês, François Hollande, também se recusou a dividir os participantes da cúpula em vencedores e perdedores. "Acredito que a Europa ganhou. E é especialmente a zona do euro que foi reforçada. E esse foi o único objetivo."

Vitória também para Hollande

Hollande também reforçou a si mesmo. Ele uniu os Estados fracos e formou com eles uma frente contra Merkel. O pacto de crescimento provavelmente não seria possível sem a pressão de Hollande. E algumas outras decisões da cúpula também provavelmente não existiriam se seu antecessor, Nicolas Sarkozy, ainda estivesse no cargo.

Dominoeffekt bei EU-Staaten durch die Schuldenkrise
Economias mais fracas da zona do euro saíram lucrandoFoto: picture-alliance/chromorange

Não existe mais uma unidade franco-alemã, como o apelido "Merkozy" sugeria. Ao perguntarem à chefe de governo alemã se havia sido difícil negociar com Hollande, Merkel mostrou bom humor: "Ele é, obviamente, outra pessoa, como é fácil de se perceber. Mas foi uma boa cooperação, foi divertido." Os dois ainda vão, provavelmente, se divertir muito juntos.

Autor: Christoph Hasselbach (md)
Revisão: Roselaine Wandscheer