Daniel Libeskind sobre seu projeto finalista em NY
6 de fevereiro de 2003Daniel Libeskind, projetista do famoso Museu Judaico de Berlim, está a um passo de se tornar o escolhido para preencher o vazio deixado em Manhattan pelos aviões que se chocaram contra as torres gêmeas do WTC a 11 de setembro de 2001. "É uma responsabilidade fantástica e um momento maravilhoso", disse Libeskind de Nova York, ao telefone, à DW-WORLD.
O júri encarregado pela agência nova-iorquina que coordena o planejamento da reconstrução, incluiu o projeto do Estúdio Daniel Libeskind de Berlim entre os finalistas, ao lado de outro, de autoria de uma equipe de Nova York intitulada Think. Um dos dois será anunciado como vencedor até o final deste mês.
Memória x afirmação da vida
O projeto do arquiteto natural de Lodz, na Polônia, prevê uma torre de 541 metros de altura — que se tornaria, então, o prédio mais alto do mundo — e muitas áreas ajardinadas transitáveis, como símbolo da "afirmação constante da vida". Dos projetos apresentados, foi o único a manter as fundações do antigo WTC como cerne de uma área de rememoração que Libeskind intitula de Memory Foundations.
"Trata-se de harmonizar os aspectos aparentemente contraditórios de um memorial sobre uma tragédia e como ela mudou o mundo, criando ao mesmo tempo uma cidade vital e bonita para o século 21. Aí é que estava a questão: como fazer isso de uma forma significativa e de maneira a reativar o papel de Manhattan", declarou Libeskind à DW-WORLD.
Força da democracia
Manter os maciços alicerces foi de importância vital para a visão do arquiteto. "Eles são uma espécie de área sagrada e espiritual, (...) verdadeiros testemunhos da força da democracia, pois resistiram aos ataques. (...) Estas pegadas indeléveis criam um memorial que capta de fato a dignidade e a profundidade do evento."
A proposta de Libeskind inclui espaços públicos — Wedge of Light e Park of Heroes — projetados de tal forma que a luz do sol bata sobre eles todos os anos a 11 de setembro pela manhã sem lançar sombras.
Para Libeskind, nascido em 1946, a arquitetura não foi a primeira opção de carreira. Depois de deixar a Polônia do pós-guerra para ir viver nos Estados Unidos, ele estudou primeiro música e foi pianista virtuose em Nova York. Só começou os estudos de arquitetura, realizados na Inglaterra e nos EUA, no início da década de 70.