Setor portuário
31 de março de 2009Um terço do comércio exterior alemão é efetuado através dos portos. A economia marítima representa um dos principais ramos industriais do país, empregando mais de 300 mil pessoas em seus principais setores – indústria naval e auxiliar, navegação e portos, engenharia oceanográfica, navegação fluvial e setor pesqueiro –, sem contar fornecedores e prestadores de serviços.
No entanto, nem mesmo a economia marítima escapou dos efeitos da crise econômica global. Segundo Dagmar Wöhrl, coordenadora do setor marítimo e portuário do governo alemão, a crise já afeta estaleiros, empresas de navegação e portos.
No ano passado, 319 milhões de toneladas de mercadorias passaram pelos portos alemães. Com a crise, esse volume diminuiu consideravelmente, reduzindo também o nível de ocupação no setor. Em portos como Hamburgo e Rostock, a solução encontrada foi a redução da jornada de trabalho. Mesmo assim, até 1,4 mil empregados poderão perder seus empregos até o final deste ano.
Aumenta o número de cancelamentos de pedidos
Em Bremerhaven, os contratos de cerca de 800 trabalhadores temporários não serão renovados. Outros 500 funcionários contratados também deverão ser atingidos. Wöhrl, no entanto, afirmou que não se trata de uma crise estrutural, mas de uma fase passageira. "A economia marítima era e continuará sendo um setor de futuro."
O governo alemão e os governos estaduais pretendem investir 12 bilhões de euros nos próximos dois anos num projeto nacional que prevê a ampliação de portos existentes e a construção de novos, melhorias de logística, das entradas dos portos e das conexões de transporte terrestre.
Trata-se, no entanto, de projetos de longo prazo. Por outro lado, durante a conferência marítima realizada no último final de semana em Rostock, que contou com a participação de mais de mil especialistas, o principal tema foi o gerenciamento a curto prazo da crise.
Segundo Wöhrl, a ajuda do governo de Berlim procura, primeiramente, superar os problemas de liquidez que afetam o setor, a fim de evitar danos irreparáveis e problemas estruturais. Principalmente a construção naval deverá fazer uso da ajuda estatal. Por mais que os estaleiros alemães possuam encomendas da ordem de 13,3 bilhões de euros, cresce o número de cancelamentos de pedidos.
Globalização e comércio mundial continuarão a se expandir
Navios são bens de produção caros, com financiamento a longo prazo. Se as companhias de navegação atrasam o pagamento de promissórias, fica mais difícil pedir dinheiro emprestado a bancos para a construção de novos navios. Isso atinge, no momento, encomendas da ordem de um bilhão de euros. A precária situação do banco HSH Nordbank, o maior financiador da construção naval antes da crise financeira, também contribuiu para a atual falta de liquidez do setor.
Através de um programa especial do banco estatal alemão KfW, a ajuda do Estado chega agora ao setor de construção naval. Wöhrl salientou, todavia, que o Estado não comprará ações de estaleiros nem se tornará armador de navios porta-contêineres. Tampouco instituirá um programa de bônus para a compra de novos navios, semelhante ao incentivo dado à indústria automotiva.
O importante, comentou Wöhrl, é que o ramo supere a crise e que esteja preparado para reagir imediatamente a uma melhora de conjuntura. Tanto ela quanto outros especialistas estão de acordo que a globalização e o comércio mundial continuarão a expandir. Mundialmente, 90% do transporte de mercadorias é feito pela via marítima.
Autora: Sabine Kinkartz
Revisão: Rodrigo Rimon