Crescimento de partido neonazista preocupa Alemanha
18 de setembro de 2006A obtenção de 7,3% dos votos pelo extremista de direita Partido Nacional Democrático (NPD) nas eleições do último domingo (17/09) em Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental acendeu o alerta vermelho entre os políticos alemães. Com o resultado, os neonazistas conquistaram pela primeira vez assentos na assembléia do Estado, localizado na região nordeste do país e que pertencia à antiga Alemanha Oriental.
A preocupação foi tamanha que a ministra alemã da Família, Ursula von der Leyen, anunciou logo após a divulgação dos resultados das eleições a renovação de um programa em nível federal para combater o extremismo de direita. Serão investidos 19 milhões de euros em ações educacionais para fortalecer a tolerância e a diversidade, prioritariamente dirigidas ao público jovem.
A ministra pregou uma luta sem trégua contra o neonazismo. "As forças democráticas da nossa sociedade precisam ficar em alerta máximo. O extremismo de direita não pode ter nenhuma chance na Alemanha", destacou Von der Leyen.
Tolerância zero
O presidente nacional do Partido Social Democrata (SPD), Kurt Beck, aplaudiu o programa federal, apesar de dizer que o anúncio demorou para acontecer. "Finalmente a ministra deu fim à sua resistência a esse projeto", disse Beck.
"É hora de agir com eficiência para banir o extremismo de direita de forma permanente e mostrar a esses radicais o lugar deles. Para isso precisaremos de muito fôlego", concluiu o social-democrata.
Para Ronald Pofalla, secretário-geral da União Democrata Cristã (CDU), partido da chanceler federal Angela Merkel, o fato de que o NPD conseguiu superar o mínimo de 5% requerido para obter cadeiras na assembléia legislativa de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental é "perturbador".
Pofalla declarou que precisam ser iniciadas ações contundentes por parte do poder público. "Temos que deixar claro que os radicais de direita não têm lugar em nossas assembléias legislativas", conclamou.
Verdes também protestam
O Partido Verde alemão também repudiou o sucesso alcançado pelos neonazistas. De acordo com o presidente nacional da sigla, Reinhard Bütikofer, o pior fato das eleições de domingo (17/09) foi a entrada do NPD na assembléia estadual de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental.
Porém, ele disse que a luta contra os radicais de direita deve ter longa duração. "Essa indignação tem que continuar, não pode ser algo passageiro", destacou Bütikofer.
Com o resultado, passa para quatro o número de assembléias estaduais alemãs com representantes do partido neonazista, já que o NPD tem ainda assentos na Saxônia e em Brandemburgo, no Leste do país, e na cidade-Estado de Bremen, no norte.
Trabalho de longo prazo
Segundo Toralf Staud, especialista em extremismo de direita, o NPD tem feito um trabalho de longo prazo para se consolidar nos Estados do Leste alemão, onde os índices de desemprego são mais altos e as ações de cunho xenófobo são mais freqüentes.
"O NPD e seus aliados trabalharam por vários anos para se consolidar nesta região", destacou, lembrando que na votação de 1998 o partido ultrapassou pela primeira vez 1% dos votos em Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental.
Staud lembrou que, com o sistema de financiamento público de campanhas na Alemanha, os partidos que obtêm vaga nas assembléias legislativas e no Parlamento têm direito a receber verba do governo. "No caso dos radicais de direita, esses recursos são investidos em pesadas campanhas dirigidas ao público jovem", advertiu o especialista.