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Corrupção ameaça Alemanha

(sv)28 de agosto de 2002

Segundo relatório anual da ONG "Transparência Internacional", os alemães se tornam gradualmente mais corruptos. Teme-se que em um próximo levantamento, o país seja superado em grau de honestidade por Botsuana.

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A corrupção é um mal espalhado não só entre países do Terceiro Mundo, mas faz parte - e como - das mazelas dos países industrializados. No índice divulgado pela organização não governamental "Transparência Internacional" nesta quarta-feira (28), em Berlim, a Alemanha ocupa o 18º lugar no ranking de países mais honestos do mundo.

Embora tenha subido duas posições em relação ao relatório do ano anterior, o país está entre os 30% mais corruptos na Europa. Considerando os levantamentos dos últimos quatro anos, a Alemanha caiu do 13º para o 18º lugar.

Sociedades, nas quais valores democráticos estão fortemente ancorados, apresentam maior resistência ao "vírus". Os resultados divulgados pela ONG apontam, por exemplo, para uma "rejeição quase completa da corrupção" em países escandinavos: Finlândia e Dinamarca foram considerados os mais honestos do mundo.

Pobreza e falta de escrúpulos

Em regiões pobres do planeta, por outro lado, estratégias de corrupção fazem parte do dia-a-dia. Ali, "elites políticas trabalham lado a lado" com investidores inescrupulosos, segundo Peter Eigen, presidente da "Transparência Internacional". A corrupção torna-se, assim, "o maior obstáculo no combate à pobreza", observa Eigen.

No entanto, os subornos estão também presentes de forma gritante em países industrializados, como a Itália e a Grécia, por exemplo, cujos índices de honestidade estão abaixo de Botsuana, na África. Entre os 102 países analisados pela organização, 70 não conseguiram atingir cinco pontos, em um total de 10 para os mais honestos e zero para os mais corruptos.

Escândalos -

Enquanto o Brasil leva nota quatro, a Alemanha fecha com 7,3 - um valor relativamente baixo, se comparado aos 8,3 atingidos em 1996. Nos últimos anos, a série de escândalos envolvendo políticos alemães do primeiro escalão "provocou um clique" na cabeça dos analistas da "Transparência Internacional", segundo o vice-presidente da organização, Hansjörg Elshorst.

Mais do que nunca, a opinião pública começou a ser confrontada com práticas como sonegação de impostos e desvio de recursos dos cofres estatais. "A situação é tal, que alguns países europeus registram um índice de corrupção maior do que algumas nações africanas. É possível que Botsuana ultrapasse a Alemanha nos índices de honestidade nos próximos relatórios. A diferença não é mais tão grande", comenta Eigen.

Inundações e suborno -

A reconstrução das áreas atingidas pelas recentes inundações no país, segundo Elshorst, pode se transformar em um solo propício à corrupção. Repetindo uma prática comum no período pós-reunificação alemã, especula-se que grandes empresas ocidentais, através da formação de lobbys, impõem seus produtos ou serviços no mercado, em detrimento de pequenas empresas do leste do país.

Tendência mundial - O relatório da "Transparência Internacional" documenta um sensível aumento dos níveis de corrupção em todo o mundo, que se alastra desde as posições de chefia de multinacionais até aos centros de poder dos governos. A tática do "jeitinho", tão aplicada em terra brasilis, parece ter se tornado a quintessência da globalização.

Assim é trilhado o caminho da destruição de um desenvolvimento sustentável, antes mesmo que este seja implantado. A óbvia conclusão da "Transparência Internacional" remete à necessidade urgente de regras e de instituições que fiscalizem o respeito a essas regras. Transparente é a sentença: a corrupção é o começo do fim.