Controle entre Irlandas é "inevitável" após o Brexit
1 de dezembro de 2017Controles de fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte parecem inevitáveis depois que o Reino Unido sacramentar sua saída da União Europeia (UE), afirmou uma comissão parlamentar britânica nesta sexta-feira (1º/12). A reintrodução de uma fronteira pode reviver hostilidades e significar um retrocesso em relação aos últimos 20 anos de paz na Irlanda do Norte.
O Comitê Seletivo de Saída da UE, um painel de deputados que examina o trabalho do Departamento de Saída da UE, disse que a decisão do governo de se retirar do mercado único europeu e da união aduaneira parece impossível de conciliar com a intenção declarada de manter uma fronteira "sem atrito" entre Irlanda e Irlanda do Norte.
"Atualmente, não vemos como será possível conciliar a falta de fronteira com a política do governo de deixar o mercado único e a união aduaneira, que inevitavelmente tornará a fronteira entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda a fronteira aduaneira da UE com o Reino Unido", disse o painel.
Nem todos os membros do comitê apoiaram o relatório. Alguns deputados pró-Brexit, membros do Partido Conservador da primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, recusaram-se a dar respaldo ao documento.
O comitê parlamentar acrescentou que as propostas do governo britânico para lidar com a questão não foram testadas e são "até certo ponto especulativas".
O destino da fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte, que faz parte do Reino Unido, é agora o principal ponto de fricção na tentativa de avançar nas conversações do Brexit rumo a negociações sobre acordos econômicos numa cúpula da UE em dezembro. A fronteira será o único vínculo terrestre entre a UE e o Reino Unido após o Brexit.
Londres quer se retirar da união aduaneira europeia – dentro da qual produtos e bens podem circular livremente –, mas disse que não deseja reintroduzir postos de controle fronteiriços, o que poderia prejudicar os últimos 20 anos de paz na Irlanda do Norte.
O país testemunhou 28 anos de violência entre uma comunidade católica nacionalista predominante irlandesa e a comunidade protestante pró-Reino Unido – mais de 3,5 mil pessoas morreram. Um acordo de paz foi assinado em 1997 com a intermediação do então presidente dos EUA, Bill Clinton.
O comitê parlamentar, que baseou seu relatório nas evidências do ministro responsável pelo Brexit, David Davis, disse que o governo precisava publicar mais detalhes sobre seus planos de curto prazo e para um período de transição, além de sua visão de longo prazo para uma futura relação comercial com a União Europeia.
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, agendou para esta sexta-feira um encontro com o primeiro-ministro da Irlanda, Leo Varadkar, em Dublin, na tentativa de encontrar soluções para o espinhoso problema em relação à fronteira irlandesa.
PV/afp/rtr
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