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EducaçãoBrasil

Como segui estudando mesmo após ser mãe aos 17

Andriele Oliveira Marinho und ihre Tochter
Andriele Oliveira Marinho
25 de novembro de 2021

Graças ao apoio da família e de professores e com muita força e determinação, consegui manter minha filha e meus estudos como prioridades. Quero estudar para lhe dar uma boa educação. Por ela, não vou desistir.

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Barriga de mulher grávida com as mãos em volta
"Quando me tornei mãe sendo uma estudante, me vi diante de duas grandes responsabilidades"Foto: Andreas Gebert/picture alliance

Aos 17 anos, no dia 26 de junho de 2021, minha vida mudou para sempre: me tornei mãe durante meu último ano do ensino médio. Ao descobrir sobre a gravidez, foi uma surpresa. Tudo é novo, e sua vida vira de cabeça para baixo do dia para a noite. São dias ou até meses para aceitar a notícia. Nunca passou pela minha cabeça ser mãe aos 17 anos, mas foi um sentimento tão bom, um misto de ansiedade e felicidade. Por sorte, tive pessoas ao meu lado para que eu pudesse seguir com meus sonhos, mesmo sendo mãe jovem. Sei que muitos adolescentes largam seus sonhos para cuidar de seus filhos quando se encontram na mesma situação que eu. Posso dizer que fui uma exceção. 

Admito que não foi fácil, mas nada é impossível. Com muita batalha, apoio, força e determinação, consegui colocar a minha filha e os meus estudos como prioridades para ter um futuro brilhante pela frente. Tornar-se mãe significa responsabilidades enormes. Quando me tornei mãe sendo uma estudante, me vi diante de duas grandes responsabilidades e, portanto, precisei mudar toda a minha rotina.

Algumas coisas precisaram ser deixadas de lado, e os estudos e o bem-estar da minha filha se tornaram meus focos. Minha formatura, que era um sonho para mim, foi uma das coisas que precisei deixar de lado. Infelizmente, tive que renunciar a isso, pois não tinha condições de cuidar da minha filha e ter uma formatura ao mesmo tempo. Além disso, tive que abrir mão de algumas coisas como: jogar bola, algo que eu amava, e, também, fazer o Enem, por questões financeiras e também de tempo.

Apoio da família e na escola

A questão financeira, especialmente nos dias de hoje, não é fácil, ainda mais quando se tem uma filha para sustentar, mas graças a Deus recebo ajuda do pai da criança e de minha mãe, Rosilene, para as coisas do dia a dia. Ela nunca me abandonou e sempre cuidou muito da minha bebê, principalmente quando eu estava na sala de aula. Graças a isso, consegui voltar aos estudos, e ela leva minha filha nos intervalos da escola para eu amamentar. Minha família, no geral, merece um agradecimento especial. Minha irmã, Anderlene, engravidou com 18 anos, algo que, no início, gerou discussão na família, mas depois teve muito apoio e cuidado.

A gestora da minha escola, Elza Moreira, também me motivou muito a continuar. Ela me ajudou em tudo o que eu precisava, dentro e fora da escola. Meus professores também estão entre os meus agradecimentos especiais. Eles faziam de tudo para que eu não me prejudicasse nos estudos, mesmo precisando faltar às aulas por conta da minha filha. Sem todo o apoio desse grupo, nada teria sido possível. Fico muito feliz em olhar para trás e ver que tive pessoas maravilhosas me ajudando.

Infelizmente, nesse caminho, perdi alguns amigos. Realmente, quando as coisas estão difíceis é que vemos quem está de verdade do nosso lado. Hoje, sei que os verdadeiros estão comigo. Para Aline, minha amiga de infância, meu agradecimento especial por todo apoio até hoje.

"Pela minha filha, não vou desistir"

Ser forte também foi essencial. Além de precisar batalhar pelas duas prioridades da minha vida, os estudos e minha filha, precisei lidar com diversos comentários maldosos sobre mães na juventude. Já pensei em desistir, várias e várias vezes, mas o apoio dos outros e o meu próprio apoio foram essenciais para enfrentar tudo. Portanto, outro agradecimento especial vai para mim mesma, por não ter desistido de mim nem da minha filha. 

Pela minha filha, eu não vou desistir. Sinto-me realizada por cada degrau que percorri com a ajuda de pessoas que quero levar para toda a vida. Daqui a dez anos, espero olhar para minha filha e poder contar tudo por que passei para poder dar a ela um futuro brilhante. Quero construir nossa casa e estudar para dar uma boa educação e um bom apoio para a Yara. Quando tudo parece impossível, precisamos nos agarrar às pequenas coisas e lutar, com toda a determinação que a gente conseguir, para enfrentar as dificuldades e encontrar a tão esperada vitória.

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Vozes da Educação é uma coluna quinzenal escrita por jovens do Salvaguarda, programa social de voluntários que auxilia alunos da rede pública do Brasil a entrar na universidade. Revezam-se na autoria dos textos o fundador do programa, Vinícius De Andrade, e alunos auxiliados pelo Salvaguarda em todos os estados da federação. Siga o perfil do Salvaguarda no Instagram em @salvaguarda1

A autora desta coluna é Andriele Oliveira Marinho, de 18 anos. Ela vive em Itapeaçu, no Amazonas, e cursa o 3º ano do ensino médio.

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A coluna quinzenal é escrita por jovens do Salvaguarda, programa social de voluntários que auxiliam alunos da rede pública do Brasil a entrar na universidade.