Como a imprensa alemã noticiou a tragédia de Mariana
5 de dezembro de 2015A imprensa alemã acompanhou com destaque as consequências do rompimento da barragem de Fundão, em Minas Gerais, que completa um mês neste sábado (05/12). A dimensão da tragédia, os danos à fauna e flora da região e o drama dos moradores foram noticiados com perplexidade, especialmente na última semana.
Die Welt: O caldo marrom da morte
"Estava-se já acostumado a imagens chocantes. E quanto mais distantes, menos consternação elas geram. Mas um cavalo enfiado até o pescoço na lama marrom, ao lado dele um homem que o acaricia na cabeça? Um bote de madeira com pescadores aos prantos, cheio de peixes mortos? Mulheres desesperadas carregando crianças aos berros, e por todos os lados esse caldo marrom e lamacento? Essas imagens chocaram toda uma nação."
Süddeutsche Zeitung: Rio doce, rio morto
O jornal relata como o fotógrafo Sebastião Salgado deixou a China, onde estava, e partiu imediatamente rumo a Minas Gerais. Ele queria rever o rio onde passou a infância – ainda vivo. Salgado chegou tarde demais a todos os lugares, menos a um, perto de Colatina. Mas, seis dias depois, a avalanche de lama marrom já havia chegado também até lá. "Uma catástrofe ambiental como o Brasil raramente viu, talvez até nunca", afirma o diário de Munique.
Berliner Zeitung: Lama venenosa e toneladas de peixe morto
"Ele tem um nome tão idílico: Rio Doce. Mas pode-se supor que ele há muito não seja mais doce quando se sabe que a Vale, maior mineradora brasileira, até há alguns anos ostentava o nome rio Doce. Há anos que se pratica a mineração na bacia do rio, e por isso ele há anos já não merece mais o adjetivo doce. Ele já estava sujo e contaminado antes da catástrofe."
Neues Deutschland: A maldição da avalanche de lama
O jornal descreve a dimensão da tragédia, incluindo o distrito de Bento Rodrigues, "onde as casas sumiram embaixo da lama, e carros foram arrastados como se fosse de brinquedo".
Die Tageszeitung: Enterrado sob 15 metros de lama grossa
Essa foi a catástrofe ambiental mais devastadora que o Brasil já enfrentou, afirma o jornal de Berlim. Segundo o diário, mais "de 60 milhões de metros cúbicos de lama desceram vale abaixo. O distrito de Bento Rodrigues foi quase totalmente destruído, de 180 casas sobraram apenas 20 mais ou menos intactas. A paisagem à volta é um deserto de lama." (18/11)
Welt am Sonntag: Fukushima na floresta tropical
A onda pegajosa e fedorenta simplesmente não tem fim. Com cada nova onda que parte de Minas Gerais rumo ao Atlântico cresce a fúria entre os pescadores, os ribeirinhos e todos aqueles que, até hoje, viviam do Rio Doce. Mercúrio, arsênico e uma meia dúzia de outras substâncias venenosas fluem há dias para o oceano.