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PolíticaBélgica

Comboio antivacina desafia proibição e chega a Bruxelas

14 de fevereiro de 2022

Inspirados em caminhoneiros canadenses, motoristas querem bloquear capital belga em protesto contra restrições para conter pandemia de covid-19. Prefeito diz que não deixará Bruxelas ser tomada como refém.

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Cinco policiais montam guarda.
Policiais montam guarda em frente à Comissão Europeia, em Bruxelas, temendo tumultos provocados pelo "Comboio da Liberdade"Foto: Yves Herman/REUTERS

Dezenas de veículos conduzidos por opositores das vacinas e das restrições impostas em resposta à pandemia de covid-19 chegaram nesta segunda-feira (14/02) a Bruxelas, apesar dos alertas de que não seriam autorizados a entrar na capital da Bélgica.

A polícia local redirecionou dezenas de veículos do assim chamado "Comboio da Liberdade" para um estacionamento na periferia da cidade, com capacidade para até 10 mil veículos. Os motoristas foram alertados que esse seria o único lugar no qual poderiam se reunir.

O prefeito de Bruxelas, Philippe Close, realtou numa rádio local que entre 400 e 500 carros e vans foram avistados a caminho de Bruxelas. Ele avisou que os manifestantes poderiam ser autorizados a entrar na capital belga a pé, mas não nos veículos, como ocorreu no protesto original no qual o comboio foi inspirado, no Canadá.

Na manhã desta segunda-feira, a polícia belga bloqueou parcialmente as principais vias de acesso a Bruxelas, para impedir que o comboio entrasse e gerasse engarrafamentos. "É uma questão de não permitir que a capital belga seja tomada como refém", disse Close.

As autoridades interceptaram cerca de 30 veículos que se dirigiam a Bruxelas. "O complicado é que não temos nenhum pedido de um organizador. Na Bélgica, é necessário apresentar um pedido de manifestação. Estamos vigilantes, por isso, nos mobilizamos amplamente", acrescentou Close.

Protesto sem caminhões

O prefeito observou que, na França, o movimento até agora mostrou-se "menor do que as autoridades francesas poderiam temer", sendo essencialmente composto por indivíduos que participaram com os próprios veículos pessoais, e não com caminhões, como no Canadá.

"Penso que são poucas as empresas belgas ou europeias que autorizaram os seus funcionários a virem bloquear a capital com um caminhão da empresa", comentou.

Apesar dos esforços belgas, uma proibição semelhante não impediu os manifestantes de convergirem a Paris, no fim de semana, provocando engarrafamentos e bloqueios, inclusive na região do Arco do Triunfo, no sábado. A polícia interrompeu uma manifestação que havia sido proibida, usando gás lacrimogêneo, e prendeu 97 indivíduos, além de emitir 513 advertências.

Foto mostra carros e vans em frente ao Arco do Triunfo,
Dezenas de veículos bloquearam no sábado o Arco do Triunfo, em ParisFoto: Adrienne Surprenant/AP Photo/picture alliance

No domingo à noite, a polícia francesa alertou que havia cerca de 1.300 veículos convergindo para a cidade de Lille, ao norte da França, não muito longe da fronteira com a Bélgica.

Entretanto, cientes das proibições em vigor na Bélgica, alguns motoristas ficaram indecisos quanto ao destino final. Entre os manifestantes, foi ventilada a ideia de dirigir-se para Estrasburgo, no leste da França, onde fica a sede do Parlamento Europeu.

Demandas do movimento

Inspirado no movimento de caminhoneiros que parou Ottawa, no Canadá, e bloqueou pontes na fronteia canadense com os Estados Unidos, o comboio francês reuniu opositores das vacinas contra covid-19, coletes amarelos e manifestantes antigoverno revoltados com os aumentos dos preços da energia.

"Vamos a Bruxelas tentar bloqueá-lo para lutar contra essa política de controle permanente", disse à agência de notícias AFP Jean-Pierre Schmit, um desempregado de Toulouse de 58 anos.

Sandrine, de 45 anos, natural de Lyon, acrescentou: "Queremos chegar a todas as instituições europeias uma a uma. Não sabemos para onde a coisa está indo, mas estamos a caminho, e nos faremos ouvir".

O movimento original, o "Freedom Convoy", visava inicialmente protestar contra a decisão das autoridades canadenses de exigir, desde meados de janeiro, que os caminhoneiros fossem vacinados para poder atravessar a fronteira com os EUA, mas logo transformou-se num movimento contra as medidas sanitárias para evitar a propagação da pandemia de covid-19 em geral, e, para alguns, contra o governo do primeiro-ministro Justin Trudeau.

le/av (Lusa, ots)