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'Dany le Rouge'

4 de abril de 2010

"Dany le Rouge" abandonou logo o radicalismo de 1968 e tornou-se um político verde moderado. Conhecido por ter liderado a revolta estudantil em Paris, Cohn-Bendit não desistiu de articular uma frente de esquerda.

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Cohn-Bendit na convenção europeia dos verdes em 1999Foto: AP

Há 42 anos, Daniel Cohn-Bendit liderava o maior protesto do pós-guerra na França, ao sair em passeata com 300 outros estudantes e ocupar os edifícios universitários no subúrbio parisiense de Nanterre. Seu "Apelo de 22 de Março de 1968" desencadeou a revolta estudantil que provocaria mudanças efetivas na sociedade francesa.

Polizeieinsatz waehrend einer Studentendemonstration am 6. Mai 1968 in Paris
Policiais em ação durante um protesto estudantil em 6 de maio de 1968, em ParisFoto: AP

Agora, o político verde alemão, que completa 65 anos neste domingo (04/04), diz pretender "mobilizar mais uma vez a história", assim como fez na época de estudante. Em um novo "Apelo de 22 de Março", o deputado europeu alemão, conhecido na França como "Dany le Rouge" não apenas por causa dos cabelos ruivos que tinha na juventude, conclamou seus correligionários verdes a uma "cooperativa política" com socialistas e outros esquerdistas.

Poder de uma aliança verde e socialista

Essa proposta foi impulsionada pelo bom resultado do Partido Verde nas recentes eleições regionais francesas, realizadas em 21 de março passado. O partido com ideais ambientalistas conquistou 12,5% das votações, governando em aliança com os socialistas quase todas as 26 regiões francesas.

Em um artigo ao jornal parisiense Libération, Cohn-Bendit convocou os verdes a construir uma rede comum com os socialistas até o final do ano. A ideia é elaborar em conjunto um programa para as próximas eleições presidenciais e parlamentares francesas, a serem realizadas em 2012. Para o antigo líder estudantil, essa seria a única maneira de tirar os conservadores do poder na França.

O impulso inicial de Cohn-Bendit não despertou grande entusiasmo – nem entre verdes, nem entre socialistas. O fato é que ele precisará de muito tato e habilidade estratégica para articular as correntes bastante divergentes entre os verdes e os socialistas franceses.

Prestígio verde entre França e Alemanha

Studentenproteste in Paris 1968
Manifestação estudantil em maio de 1968 em ParisFoto: picture alliance/dpa

Habilidade, no entanto, é o que não falta ao político nascido em 4 de abril de 1945 na localidade francesa de Montauban. Afinal, ele iniciou sua trajetória de liderança como símbolo da rebelião e hoje é um sóbrio deputado verde europeu.

A carreira política de Cohn-Bendit, filho de um advogado alemão e de uma francesa, deslanchou na Alemanha, para onde o líder estudantil foi expulso após a revolta estudantil de maio de 1968 por deter o passaporte alemão.

Abdullah Gül mit Daniel Cohn-Bendit und Joschka Fischer in Istanbul
Cohn-Bendit (centro) e Joschka Fischer (dir.) numa conferência dos verdes em Istambul, em 2004Foto: AP

Foi no país paterno que ele ingressou no Partido Verde, em 1984, pertencendo à ala menos radical desde o início. Um ano depois, Cohn-Bendit se tornou conselheiro de seu amigo Joschka Fischer, secretário do Meio Ambiente de Hessen na época e, posteriormente, ministro alemão das Relações Exteriores, durante o governo Schröder.

Em 1989, Cohn-Bendit se tornou encarregado municipal de questões multiculturais em Frankfurt no Meno; cinco anos depois ingressou no Parlamento Europeu, na época como parte das listas alemãs.

Desde então, o político bilíngue atravessou diversas vezes a fronteira franco-alemã. Em 1999, foi reeleito pelos franceses; em 2004, pelos alemães. Nas últimas eleições para o Parlamento Europeu, em junho passado, ele se candidatou na França, conquistando para seu partido 16,3% dos votos. Com isso, o Partido Verde se estabeleceu como a terceira maior força política na França.

SL/afp/dpa
Revisão: Nádia Pontes