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Cobre pode reduzir risco de infecção hospitalar

Gudrun Heise (cn)18 de novembro de 2014

O cobre é empregado na medicina há mais de 2 mil anos. Uma clínica na Alemanha testou maçanetas do metal, confirmando suas propriedades antibacterianas. Assim, ele passa a ser elemento importante na higiene hospitalar.

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Foto: Asklepios Kliniken GmbH

Nos hospitais, as maçanetas das portas são um local ideal para o acúmulo de bactérias. Mesmo uma limpeza profunda não resolve o problema, pois elas são tocadas milhares de vezes por dia e os diversos agentes patogênicos se multiplicam vertiginosamente.

Somente na Alemanha, entre 400 mil e 600 mil pacientes de hospitais são contaminados com bactérias capazes de infeccionar ferimentos ou causar pneumonia, por exemplo. Cerca de 15 mil pessoas morrem anualmente de infecção hospitalar. No Brasil, esse número chega a 100 mil óbitos.

Em caráter experimental, a Clínica Asklepios Harburg, em Hamburgo, substituiu as maçanetas convencionais por peças de cobre. E o resultado do teste em larga escala foi surpreendente. "Nós conseguimos comprovar que as maçanetas de cobre acumulam menos agentes patológicos do que as comuns", relata Susanne Huggett, diretora clínica do Laboratório Medilys, localizado no hospital. Em comparação com as de aço inoxidável ou plástico a contaminação foi reduzida pela metade.

Sucesso e críticas

Já em 2008 e 2009, maçanetas de cobre foram testadas com sucesso nas Clínicas Asklepios. O Instituto Alemão do Cobre, que une pesquisa e aplicação prática, participou da iniciativa, apoiando a adoção das novas peças, compostas por 70% de cobre. No maior projeto do gênero na Europa e Estados Unidos, a clínica instalou 600 maçanetas de cobre numa ala recém-aberta.

Nelas o risco de propagação de bactérias, fungos e vírus é comprovadamente reduzido, pois o metal possui propriedades antibacterianas. Isso é muito importante, não somente na clínica geral, mas principalmente em áreas hospitalares sensíveis, como as UTIs.

No entanto, houve críticas à aparência dos objetos, observa Huggett. "As maçanetas mudaram de cor porque eram limpas pelo menos uma vez por dia com um desinfetante. Um telhado de cobre, quando fica verde, é bonito, mas uma maçaneta? As pessoas pensavam que elas estavam sujas."

O fabricante levou a sério as críticas da clínica, desenvolvendo uma nova liga segundo exigências não só de higiene, mas também visuais. Desde meados do ano, a liga vem sendo submetida a testes, que agora prosseguirão dentro da rotina da clínica, conta Huggett.

Symbolbild - Kupferwerk
Propriedades do cobre são conhecidas desde a AntiguidadeFoto: picture-alliance/dpa

Remédio para quase tudo

As propriedades do cobre já eram conhecidas pelos egípcios, mais de 2 mil anos antes de Cristo. Eles desinfetavam a água potável com aparas do metal, e também o utilizavam para tratar diversas doenças. Os gregos usavam o cobre para tratar infecções; os romanos, de ferimentos, úlceras e moléstias dermatológicas.

O metal também era importante na medicina asteca, principalmente no combate a infecções da boca e garganta. Os persas o utilizavam para tratar de furúnculos e infecções oftálmicas, para outros povos era remédio contra dores de cabeça, câimbras ou queimaduras. O médico alemão Paracelso (pseudônimo de Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, 1493-1541) usava cobre contra verminoses, asma, epilepsia, tuberculose e cólera.

Agora, o metal semiprecioso passa a ser também um elemento da higiene hospitalar. "Foi comprovado que as bactérias morrem ao entrar em contato com superfícies de cobre. Ao que parece, a membrana celular delas é destruída", revela Susanne Huggett.

As novas maçanetas são cerca de 50% mais caras do que as de aço inoxidável de alta qualidade. Suas propriedades antibacterianas são inegáveis – o que não substitui as medidas de higiene convencionais.

Ainda assim há nos hospitais muitos outros objetos sujeitos a contato constante, que poderão se beneficiar do emprego de cobre, sugere a diretora de laboratório. "Há, por exemplo, os mecanismos elétricos de abertura de portas, e os pontos de contato em elevadores ou em caixas eletrônicos. Diretamente no quarto do paciente, há inúmeras as áreas de aplicação, como as barras das camas."