Extrema direita
9 de abril de 2008O Partido Nacional Democrático (NPD), de extrema direita, tem deputados no Parlamento e cria raízes por vários estados alemães. Os dois partidos da coalizão de governo (SPD e CDU) divergem, no entanto, quanto às chances de conseguir a proibição da facção.
Para os social-democratas há indícios suficientes que comprovam a inconstitucionalidade do NPD. Já a CDU da chanceler Angela Merkel insiste que as tais provas não são suficientes para uma proibição do partido. "É óbvio que estamos diante de um partido que desrespeita a Constituição", declarou o presidente do SPD, Kurt Beck, ao conclamar os democrata-cristãos a "uma posição única, em defesa do Estado de Direito".
Ameaça à democracia
O ministério alemão do Interior reúne provas recolhidas pelas Secretarias de diversos estados, a fim de formar um dossiê que comprove as atividades antidemocráticas do NPD. No entanto, a maioria dos Secretários de estados governados pela CDU não repassou o material em questão a Berlim.
"Esta postura prejudica a discussão em torno de um novo processo de proibição do NPD", diz o social-democrata Holger Hövelmann, secretário do Interior do estado de Sachsen-Anhalt. Segundo Hövelmann, deveria haver uma "averiguação séria" a respeito de uma possível "ameaça à nossa democracia por parte da direita".
Os Partidos Liberal e de Esquerda vêem na resistência dos estados governados por democrata-cristãos um sério empecilho para os esforços em prol de uma proibição do NPD. Nas palavras da vice-líder da bancada liberal no Parlamento, Sabine Leutheusser-Schnarrenberger, os partidos da coligação de governo promovem um "espetáculo vergonhoso", dificultando a necessária proibição da facção de extrema direita.
"Métodos repressores"
Já o Partido Verde concorda excepcionalmente com a conservadora União Democrata Cristã (CDU), ao defender uma não proibição do NPD. Embora um combate mais sério ao extremismo de direita e ao anti-semitismo seja, nas palavras da presidente do Verdes, Claudia Roth, "absolutamente necessário", uma proibição do partido lembraria, aos olhos dos alemães do Leste, "os métodos repressores da antiga Alemanha Oriental [de regime comunista] e poderia não convencer por isso", diz um comunicado divulgado pelo partido no início desta semana.
Inimigo número um
Em Mecklenburgo-Pomerânia Ocidental, no norte alemão, o Secretário do Interior, Lorenz Caffier, enfrenta de perto o problema de agrupamentos neonazistas em boa parte do estado. Ele é um dos poucos políticos da União Democrata Cristã (CDU) a se manifestar em prol da proibição do NPD, indo contra a corrente dentro de seu próprio partido. Os neonazistas, por sua vez, transformaram Caffier em inimigo número um, organizando manifestações freqüentes por onde ele passa.
No estado de Mecklenburgo-Pomerânia Ocidental, o NPD chegou aos 7,3% dos votos nas eleições estaduais em setembro de 2006. A proibição do partido, na opinião de Caffier, é mais que urgente, mas "falhar na tentativa de proibir seria fatal para a democracia", teme o político.