Cinema alemão está mais presente na Berlinale
13 de fevereiro de 2005Ainda não se chegou ao ponto de substituir a pipoca pelo chucrute nos cinemas de Berlim, mas aos poucos cresce a participação do cinema alemão na Berlinale. Em 2004, a participação de filmes nacionais no mercado cinematográfico alemão foi de 23%, ou seja: praticamente um em cada quatro ingressos comprados eram para filmes alemães.
Neste ano, a Berlinale reflete esse sucesso. Segundo seu diretor-geral, Dieter Kosslick, o total de filmes alemães participantes nunca foi tão grande: de 343 filmes, 67 são da Alemanha.
Claro que sempre houve bons filmes, mas uma tal onda contínua de sucessos de bilheteria, composta por filmes de qualidade e capazes de fomentar a discussão na mídia e na sociedade, não era vista desde o final da década de 70, quando a geração de Rainer Werner Fassbinder e Werner Herzog emplacava nas bilheterias.
Dose tripla
Se no ano passado foi a vez do diretor turco-alemão Fatih Akin receber o Urso de Ouro por Gegen die Wand (Contra a parede), nesta edição o cinema alemão emplacou logo três concorrentes na mostra oficial e pode acabar levando novamente um Urso para casa.
Um dos filmes mais esperados é Sophie Scholl - Os últimos dias, de Marc Rothemund, que narra o drama da lutadora da resistência alemã assassinada pelos nazistas em 1943. Ela foi uma das fundadoras do movimento estudantil Weisse Rose (Rosa Branca), que distribuía panfletos contra o regime nazista pelas caixas do correio de cidades do sul da Alemanha e da Áustria.
Outro é One Day in Europe, do berlinense Hannes Stöhr (Berlin is in Germany), uma comédia de episódios no qual turistas são assaltados em Moscou, Istambul, Santiago de Compostela e Berlim em dia de final da Liga dos Campeões.
O terceiro candidato alemão ao cobiçado Urso é Gespenster (Fantasmas), de Christian Petzold, protagonizado pela francesa Françoise, que acredita reconhecer em uma mendiga a própria filha, seqüestrada anos antes nas ruas de Berlim.
Roland Emmerich preside o júri
Não que laços pátrios possam influenciar a decisão, mas o júri também está mais alemão. O diretor Roland Emmerich (O dia depois de amanhã) foi convocado direto de Hollywood para presidir o júri da Berlinale, que também conta com a atriz alemã Franka Potente.
Ela própria caiu nas graças dos estúdios americanos após sua atlética aparição em Corra, Lola, Corra, de Tom Tykwers (1988). Mas não se preocupe: há apenas dois alemães entre os sete jurados.
Quem ainda não se considera bom conhecedor dos filmes made in germany terá uma boa chance de se familiarizar com a produção local na quarta edição da mostra Perspectivas do Cinema Alemão. Desta vez, os jovens diretores mostraram uma clara preferência por "desafios e nuances da realidade alemã", salienta o programa do evento.