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Cineasta alemão: "Fidel ordenou assassinato de Kennedy"

(José Ospina Valencia / gv)5 de janeiro de 2006

Documentário alemão revela novos detalhes da morte do presidente dos EUA em 1963. Em entrevista à DW-WORLD, o documentarista Wilfried Huismann garante que o governo cubano tramou o crime.

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Fidel Castro: duelo mortal com os Kennedy?Foto: AP

O documentarista alemão Wilfried Huismann passou três anos pesquisando os detalhes do assassinato do presidente norte-americano John Fitzgerald Kennedy, ocorrido em 22 de novembro de 1963. Antes mesmo de ser transmitido pela televisão alemã, nesta sexta-feira (06/01), o resultado desse trabalho, intitulado Encontro com a morte, reacendeu a polêmica sobre as diferentes teses que têm sido usadas para explicar o crime.

Sabe-se que Lee Harvey Oswald foi o assassino, mas quem ordenou o crime e seus motivos são um quebra-cabeça difícil de resolver. A busca das pistas abandonadas pelos investigadores americanos interessou ao cineasta alemão Wilfried Huismann, especialista em temas latino-americanos e profundo conhecedor da política e da sociedade cubanas.

Após três anos de trabalho investigativo de uma equipe formada por norte-americanos, mexicanos e alemães e dirigida por Huismann, chegou-se à conclusão de que "o crime foi o resultado fatal de um duelo de morte, jamais pactuado oficialmente, no qual os irmãos John e Robert Kennedy pretendiam eliminar Fidel Castro, enquanto este queria aplicar um golpe no império [norte-americano]", revelou Huismann à DW-WORLD.

Encontro com a morte

Attentat auf John F. Kennedy USA Mord
Cena do assassinato de John F. Kennedy em 1963Foto: picture-alliance/dpa

No documentário, Huismann reconstrói "a guerra secreta do governo estadunidense sob o comando de John F. Kennedy contra o regime comunista de Castro". Mesmo que o Congresso dos EUA e a opinião pública não tenham sido informados das ações desestabilizadoras contra Cuba, estava-se planejando atos de sabotagem e tentativas de assassinato, o que já na época representava uma transgressão às leis dos EUA.

"Um dos protagonistas foi o cubano Roland Cubela, que, a mando dos Kennedy, deveria matar Castro", conta Huismann. Escolhendo-o como agente a serviço dos Estados Unidos, a administração de Kennedy teria cometido um dos seus erros mais graves. Cubela era um agente duplo: servia a Washington mas também a Havana.

O assassino, um fanático

O importante agora seria saber como o regime cubano chegou a saber da existência de Lee Harvey Oswald e a estabelecer o contato decisivo. Nas mais de 4000 páginas de arquivos que há no México, existe uma resposta: os russos teriam avisado os cubanos para trazer o jovem fanático estadunidense. "Oswald foi portanto utilizado como arma humana contra os Estados Unidos, tendo em vista que ele odiava o sistema capitalista e queria converter-se em herói da revolução cubana", conta Huismann.

Dokumentation, Rendezvous mit dem Tod Wilfried Huismann (re) und der FBI - Chefermittler Lawrence Keenan (2.v.re) im Archiv des mexikanischen Geheimdienstes (DFS) Vor ihnen die Akten des `Oswald-Ke
Huismann em uma de suas entrevistas para o documentário (dir)Foto: WDR

Uma vez revelada a autoria do assassinato de Kennedy, Fidel Castro poderia acabar na prisão dos EUA em Guantánamo? Wilfried Huismann acha que não. Para ele, Washington não tomaria providência política nem jurídica a respeito de um caso que, hoje, faz parte de um passado distante e amargo.

"Duelo da Guerra Fria"

O que aconteceu foi um "duelo da Guerra Fria", onde líderes competiam, praticamente, no mesmo campo. Kennedy, muito popular no mundo por suas ambições de paz e projetos de assistência aos pobres da América Latina e, Castro, muito popular também, por seu ímpeto no combate à injustiça social na Cuba de Fulgencio Batista.

Seja como for, o assassinato de Kennedy segue sendo um trauma e a morte de um mito.

Há mais surpresas?

Ainda está vivo o personagem que continua devendo a informação a Fidel Castro de que havia planos mortais contra ele. Roland Cubela vive atualmente em Madri.

As investigações sobre essa roleta cubana ainda vão continuar. As milhares de páginas que ainda restam para serem analisadas prometem mais surpresas.