Negócios da China
28 de junho de 2011A Alemanha e a China pretendem ampliar de forma substancial suas relações econômicas nos próximos anos. Nesta terça-feira (28/06), as equipes de governo dos dois países se reuniram para as primeiras consultas governamentais sino-alemãs. A Alemanha já mantém encontros deste tipo com outros países, como a França, Espanha, Polônia, Itália e Rússia, mas no caso da China esta é uma forma nova de cooperação bilateral.
As conversas resultaram em 14 acordos no volume de mais de 10 bilhões de euros, anunciou o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, em Berlim. Ele disse considerar possível aumentar o volume de negócios com a Alemanha nos próximos cinco anos para até 200 bilhões de euros. Porém, o premiê ressaltou que a condição para isso é facilitar o comércio entre os países. A China exige da União Europeia ser reconhecida como uma economia de mercado.
Entre os grandes projetos teuto-chineses, estão negócios com a Airbus, a Daimler, a Volkswagen e a Basf, segundo fontes da indústria alemã. A fabricante de aviões comerciais Airbus recebeu da China a encomenda de 62 aeronaves do tipo A320.
Também foi acertado que a China será o país parceiro da Feira de Hannover de 2012. Para facilitar o intercâmbio entre os dois países, será aberto um consulado geral da Alemanha na metrópole chinesa de Shenyang. Além disso, ambos os lados acertaram uma cooperação mais estreita nas áreas de justiça, proteção climática e energias renováveis.
Investimentos de grandes empresas alemãs
As montadoras Daimler e a Volkswagen receberam luz verde para investimentos bilionários na China. A Volks, por exemplo, montará duas novas unidades na China. A Daimler quer ampliar a produção de automóveis e instalar na China uma unidade para a produção de motores, cujo projeto custará 2 bilhões de euros. Já o conglomerado químico Basf investirá mais de 800 milhões de euros em um complexo em Chongqing, no centro do país, para a produção do polímero MDI a partir de 2014.
Na abertura do fórum sino-alemão, Wen ressaltou que a China vê a Alemanha como o maior exportador de tecnologia em toda a Europa. Há mais de 15 mil acordos assinados nesta área, só entre a Alemanha e a China.
O ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, anunciou antes do encontro com os chineses a intenção de abordar o tema direitos humanos. As relações entre Pequim e Berlim têm profundidade e solidez suficientes para falar sobre divergências, disse Westerwelle. Também Merkel pretende falar sobre direitos humanos, asseguram altos diplomatas alemães, segundo os quais isso se dará a portas fechadas.
Autocrítica chinesa
Em sua viagem pela Europa, o primeiro-ministro chinês está acompanhado por 13 ministros. Wen já esteve na Hungria e no Reino Unido, onde na segunda-feira defendeu mais liberdade e democracia na China: "Sem liberdade não existe uma verdadeira democracia; e, sem a garantia dos direitos econômicos e políticos, não existe uma verdadeira liberdade", disse o chefe de governo chinês.
Segundo ele, continua havendo muita corrupção e má distribuição de renda na China. Estas deficiências feririam os interesses do povo. Para acabar com elas, são necessárias reformas do sistema político, defendeu Wen, cujo mandato político terminará em 2013. Ele está no poder há quase dez anos e é visto pela elite chinesa como o político com maior tendência a reformas.
No Reino Unido, depois do encontro com o colega de pasta britânico, David Cameron, Wen informou que os dois países fecharam acordos comerciais de 1,6 bilhão de euros. Os acordos autorizam empresas inglesas a investir em metrópoles em crescimentos na China e não só em Pequim e em Xangai, como vinha acontecendo até agora.
BR/dw/afp/dapd/dpa
Revisão: Roselaine Wandscheer