China dá ultimato para Canadá libertar executiva da Huawei
8 de dezembro de 2018A China alertou o Canadá neste sábado (08/12) de que o país pode sofrer sérias consequências se não libertar imediatamente a diretora financeira da Huawei Technologies.
Meng Wanzhou, diretora financeira global da Huawei, foi presa no Canadá no início do mês e enfrenta um processo de extradição para os Estados Unidos, que acusa a executiva de acobertar ligações de sua empresa com uma companhia que tentou vender equipamentos para o Irã, país que enfrenta sanções por parte dos EUA. A executiva também é a filha do fundador da Huawei.
Se for extraditada para os Estados Unidos, Meng pode enfrentar acusações de conspiração para fraudar várias instituições financeiras, disse um tribunal canadense na sexta-feira. A sentença desse tipo de acusação pode chegar a 30 anos de prisão.
Nenhuma decisão foi tomada na primeira audiência de extradição. O procedimento foi adiado para a próxima segunda-feira.
Em um comunicado curto, o ministro das Relações Exteriores da China disse que o seu vice-ministro, Le Yucheng, havia emitido o alerta para liberar Meng ao embaixador canadense em Pequim, que foi convocado para que os chineses apresentassem um "forte protesto”.
Adam Austen, porta-voz da chanceler canadense, Chrystia Freeland, disse neste sábado que "não há nada a acrescentar além do que a ministra disse ontem”.
Freeland disse a repórteres na sexta-feira que o relacionamento com a China é importante e valorizado, e o embaixador do Canadá em Pequim assegurou à China que Meng terá acesso à assistência consular.
Quando perguntado sobre a possível reação chinesa após a prisão da executiva da Huawei, o primeiro-ministro Justin Trudeau disse a repórteres que o Canadá tem um relacionamento muito bom com Pequim.
A prisão de Meng no Canadá, a pedido dos Estados Unidos, enquanto ela efetuava uma conexão aérea em Vancouver, foi uma séria violação dos seus direitos, disse Le Yucheng.
A medida "ignorou a lei, não foi razoável”, e, na sua própria natureza, "foi extremamente desagradável”, acrescentou.
"A China pede veementemente que o Canadá liberte imediatamente a pessoa presa e proteja seriamente seus direitos legais e legítimos, do contrário, o Canadá precisa aceitar total responsabilidade pelas sérias consequências causadas”. O comunicado não entrou em detalhes sobre quais consequências seriam essas.
"Haverá provavelmente um profundo congelamento em visitas e trocas com chineses no alto nível”, disse o ex-embaixador canadense na China, David Mulroney, na sexta-feira.
"A habilidade para falar sobre livre comércio será colocada de lado por um tempo. Mas vamos ter que viver com isso. Esse é o preço de lidar com um país como a China.”
A prisão de Meng aconteceu no mesmo dia em que o presidente americano Donald Trump encontrou-se com Xi Jinping, na Argentina, para buscar maneiras de resolver a guerra comercial entre os dois países.
JPS/rt/ots
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