Checkpoint Berlim: Açougue vegetariano
13 de março de 2017O consumo de carne é um dos vilões do aquecimento global. No Brasil, por exemplo, a agropecuária é responsável por 69% das emissões de gases do efeito estufa. Assim, uma ação bem simples contra as mudanças climáticas pode partir de qualquer um: reduzir o consumo de carne.
Mas, por mais conscientes que sejamos, é difícil mudar a rotina alimentar, principalmente se crescemos num país onde uma refeição só é completa se tiver algum tipo de carne. Faz um tempo que comecei a tentar reduzir esse consumo, mas às vezes o corpo parece exigir carne quase como um vício.
Sabendo dessa dificuldade, Jaap Korteweg, um fazendeiro holandês, teve a ideia de criar um açougue vegetariano, que oferece produtos que parecem frango, bife suíno ou bovino e até atum, mas que na verdade são feitos de soja, legumes e tremoço. Agora Berlim tem o primeiro estabelecimento dessa rede na Alemanha.
Um açougue vegetariano pode soar meio estranho no início, mas ele oferece uma alternativa para quem deseja cortar o consumo de carne sem deixar de sentir o sabor. "Se todas as pessoas substituírem a carne convencional pelo menos uma vez por mês pela vegetariana, faria uma grande diferença para o mundo", afirma David Meyer, o açougueiro vegetariano de Berlim.
Além de servir lanches preparados na hora, o açougue em Berlim tem várias opções de "carnes" congeladas. Segundo Meyer, os pratos preferidos dos clientes são o hambúrguer de frango e a tradicional currywurst, o prato típico da capital alemã.
Por mais incrível que pareça, as imitações realmente se parecem muito com as carnes originais, tanto na aparência e na consistência quanto no gosto, e não deixam nada a desejar. Outra especialidade vendida no local é o atum vegetariano, que é igual ao comprado em lata, inclusive no sabor.
O açougue vegetariano em Berlim se revelou um sucesso, e Meyer abrirá, em breve, um restaurante, que servirá pratos típicos da culinária alemã, mas tudo preparado com a carne alternativa.
O açougue vegetariano fica na Bergmannstrasse 1, no bairro de Kreuzberg.
Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.