Checkpoint Berlim: Aposentadoria canina
30 de outubro de 2017Os alemães gostam muito de cachorros. Muitos tratam seu melhor amigo quase como um filho, tamanha a dedicação. Porém, em Berlim, esse apreço parecia destinado apenas aos cães de estimação: o destino era ingrato com aqueles que prestavam serviços públicos.
Depois de oito anos servindo à polícia na difícil missão de localizar drogas, armas e explosivos, restava aos cães policiais em Berlim, no fim de sua carreira, contar com a solidariedade dos parceiros humanos para abrigá-los e alimentá-los, além de bancar eventuais visitas ao veterinário.
Diferente de outros estados alemães, como a Baviera ou a vizinha Brandemburgo, a capital não possuía um plano de aposentadoria para seus funcionários de quatro patas. Quando eles já não serviam mais para o trabalho – aproximadamente oito anos depois do início da carreira –, eles ficavam a mercê da boa vontade de seus parceiros humanos.
Geralmente, o policial que serviu ao lado do cãozinho costuma comprá-lo por um preço simbólico e arca sozinho com as despesas do animal até o fim da sua vida. Mas essa realidade incerta vai mudar a partir do ano que vem.
A assembleia estadual de Berlim aprovou a aposentadoria canina e vai destinar 85 mil euros para esse fundo. O dinheiro será revertido aos futuros donos dos cachorros policiais aposentados. O valor mensal repassado aos beneficiários ainda não foi definido. Mas, com essa verba, serão pagas parte das despesas do animal, como alimentação, veterinário e seguros. A aposentadoria deve beneficiar os cerca de 130 cachorros que atualmente servem à polícia da capital.
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Berlim não é o primeiro estado alemão a adotar um fundo de pensão canino. Os cachorros policiais da Baviera, Brandemburgo, Hamburgo, Hessen, Baden-Württenberg, Renânia do Norte-Vestfália, Renânia-Palatinado, Baixa Saxônia, Turíngia e Sarre já recebem a aposentadoria. O valor varia.
Em Brandemburgo, por exemplo, os cães aposentados recebem 32 euros por mês, e o governo arca com todos os custos veterinários. A aposentadoria é maior em Hamburgo, onde eles ganham 110 euros por mês.
Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.
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